Na reta final para a disputa entre Flamengo e Palmeiras, que se enfrentam pela final da Libertadores no dia 27 de novembro em Montevidéu, o Uruguai se viu em meio a uma polêmica inusitada: milhares de torcedores brasileiros poderiam ficar sem bebida alcoólica na noite do jogo.
Isso porque, por coincidência, a final da Libertadores acontece no mesmo fim de semana das eleições do BPS (Banco de Previsión Social), uma espécie de INSS do Uruguai. Por lei, a venda de bebida alcoólica fica proibida nas 24 horas anteriores ao encerramento do pleito –a regra valeria a partir das 19h30 do sábado, dia da final. A partida está programada para 17h.
“Das 24 horas anteriores ao encerramento da votação até que ela se encerre, não será permitida a comercialização de bebidas alcoólicas”, diz trecho da lei 7.812, publicada originalmente em 1925 e conhecida como Lei das Eleições.
Organizadora do campeonato, a Conmebol já havia feito chegar aos bares da capital uruguaia um recado para que houvesse “abundância de cerveja gelada” para a final da Libertadores. O Uruguai espera receber cerca de 30 mil brasileiros para o jogo.
Em meio à confusão, representantes do setor de bares e restaurantes passaram a pedir que houvesse pouca ou nenhuma fiscalização nos estabelecimentos na noite da final.
Em uma corrida contra o tempo, o Parlamento uruguaio aprovou na terça-feira (16) um projeto de lei que suspende, por uma única vez, a aplicação da Lei Seca durante as eleições para o BPS – e, assim, libera a venda de bebida alcoólica no fim de semana da Libertadores.
Proposto pelo senador Germán Coutinho, do Partido Colorado, o texto foi tratado de forma “grave e urgente” pelos parlamentares. A votação foi realizada de forma expressa: com poucas horas de diferença, o projeto foi aprovado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Partido de oposição, o Frente Amplio votou a favor da proposta, mas incluiu um artigo que mantém a proibição da venda de bebidas alcoólicas em lugares onde haja votação, como clubes esportivos, por exemplo.
O texto agora deve ser promulgado pelo presidente uruguaio Luis Lacalle Pou. A expectativa é de que a lei passe a entrar em vigor a partir desta sexta (19).