O Hamas e a Guarda Revolucionária Iraniana confirmaram na manhã desta quarta-feira (31/07) que Ismail Haniyeh, um dos líderes do grupo radical islâmico no exílio, foi morto na capital iraniana, Teerã.
"A residência de Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas, foi atingida em Teerã", afirmou um comunicado do site de notícias Sepah, da Guarda Revolucionária Iraniana, que acrescentou que a morte "está sendo investigada". No ataque, um dos guarda-costas de Haniyeh também foi morto, confirmou a organização.
Em outro comunicado, o Hamas disse que Haniyeh foi morto depois de participar da posse do novo presidente iraniano.
"Irmão, líder, Ismail Haniyeh, o chefe do movimento, morreu em um ataque sionista em seu quartel-general em Teerã depois de participar da posse do novo presidente [iraniano]", afirmou o Hamas.
Até a manhã desta quarta-feira, o ataque não havia sido reivindicado. No entanto, o Hamas, assim como a televisão estatal iraniana, acusam Israel de perpetrar o ataque, uma vez que o país havia "prometido" matar Haniyeh e outros líderes do Hamas, na sequência do ataque do grupo radical em 7 de outubro.
Quem foi Ismail Haniyeh?
Ismail Haniyeh, geralmente considerado o líder supremo da organização, nasceu em um campo de refugiados em Gaza e entrou para o Hamas em 1987, durante a fundação do grupo e em meio a um cenário de grande revolta contra Israel.
Estudou em uma escola das Nações Unidas e na Universidade Islâmica de Gaza, onde teria entrado em contato com movimentos radicais de independência. Foi nomeado diretor do departamento de Filosofia em 1993 e, em 1997, tornou-se secretário pessoal do líder espiritual do Hamas, Sheikh Ahmed Yassin.
Em 2006, Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina pelo presidente Mahmoud Abbas depois que o Hamas conquistou a maioria dos assentos nas eleições legislativas. No entanto, foi demitido do cargo apenas um ano depois, quando o Hamas desencadeou uma onda de violência mortal para expulsar o partido Fatah, de Abbas, da Faixa de Gaza.
Haniyeh se recusou a renunciar, e o Hamas continua governando a Faixa de Gaza até hoje, enquanto o Fatah permanece responsável pela Cisjordânia ocupada. Em 2017, Haniyeh foi eleito chefe do escritório político do Hamas, sucedendo Khaled Mashal.
Desde 2016, vivia em exílio, tendo passado pelo Catar e pela Turquia, de onde mantinha relações próximas com várias facções palestinas. Nos últimos meses, Haniyeh se reuniu com líderes políticos do Irã e da Turquia em missões diplomáticas.
O Hamas liderou os ataques terroristas contra Israel em 7 de outubro, nos quais 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas e cerca de 250 reféns foram levados para Gaza.
O grupo radical islâmico é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e Alemanha, entre outros. Em resposta, Israel iniciou uma operação militar em Gaza que já matou mais de 39.000 pessoas, de acordo com o Minsitério da Saúde local, controlado pelo Hamas, além de deixar mortos em ataques no Líbano e no Iêmen.
af/le (AP, AFP, Reuters, dpa)