
A tragédia familiar envolvendo o bolo envenenado de Natal ganhou mais um capítulo: Deise Moura dos Anjos, principal suspeita da série de envenenamentos, foi encontrada morta nesta quinta-feira (13), na cela onde estava presa. Ela é acusada de uma série de assassinatos utilizando arsênio em alimentos.
O crime ganhou notoriedade no Brasil após três pessoas de uma mesma família morrerem após a véspera de Natal em 2024 em Torres, litoral do Rio Grande do Sul. Outras duas pessoas foram hospitalizadas, mas sobreviveram ao envenenamento.
Mas investigações apontam que Deise Moura dos Anjos cometeu crimes semelhantes desde 2020 e era motivada por rixas familiares, por uma briga por R$ 600.
Confira a linha do tempo desde a briga familiar até a morte da acusada:
Briga familiar
Investigações apontam que as motivações de Deise para matar os familiares começou em 2004, há mais de 20 anos. Em conversa com a reportagem da Band, o delegado Marcos Veloso, responsável pela investigação, disse que o valor teria sido sacado de maneira indevida.
A polícia acredita que esse foi o primeiro passo da briga, que aumentou após outras discussões. Ela e o marido já viviam afastados da família desde então.
Primeira morte suspeita em 2020
O pai de Deise, José Lori da Silveira Moura, morreu aos 67 anos por cirrose, em Canoas. A polícia suspeita que Deise o teria envenenado com pequenas doses de arsênio. As investigações apontam que Deise teria comprado o material tóxico por duas vezes, entre essa morte e outra, registrada anos depois.
Morte do sogro em setembro de 2024
Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, morreu por uma suposta intoxicação alimentar. Um dia antes, ela e o marido visitaram ele. Após a exumação do corpo de Paulo, o Instituto Geral de Perícia identificou que um leite em pó teria causado a morte do sogro de Deise.
As investigações comprovam que Deise levou alimentos até a casa dos sogros poucos dias antes da morte de Paulo.
Mortes na véspera de Natal
Zeli dos Anjos, sogra de Deise e com quem tinha a rixa pelos R$ 600 desde 2004, teria produzido o bolo. Ela utilizou uma farinha contaminada com arsênio pela nora. Seis pessoas da família consumiram o bolo, feito tradicionalmente para a noite de Natal.
A sogra Zeli, as irmãs dela Neuza e Maida, a sobrinha Tatiana, o sobrinho-neto Matheus e o marido de Maida, Jefferson, consumiram o bolo. As irmãs Neuza e Maida morreram na madrugada de 24 de dezembro, Tatiana morreu no dia 25. Matheus, Jefferson e Zeli sobreviveram.
Prisão de Deise Moura dos Anjos
Deise foi presa no dia 5 de janeiro por triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio. A perícia encontrou uma alta quantidade de arsênio em amostras coletadas das vítimas, no bolo e na farinha utilizada. A investigação aponta que a substância foi adicionada intencionalmente na farinha.
Após a exumação do corpo do sogro de Deise, a acusação evoluiu para quádruplo homicídio qualificado. As investigações apontam que Deise teria tentado envenenar outras pessoas do convívio, como próprio marido e o filho.
Morte de Deise Moura dos Anjos
Presa em uma cela especial por aguardar o julgamento, Deise Moura dos Anjos foi encontrada morta dentro da prisão na manhã do dia 13 de fevereiro de 2025. A informação foi confirmada pela Polícia Penal.
“A Polícia Penal informa que, durante a conferência matinal na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, a presa Deise Moura dos Anjos foi encontrada sem sinais vitais. Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, constatou o óbito”, disse o órgão, em nota.
As circunstâncias serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias.