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Lipoaspiração é um procedimento simples? Médicos pontuam riscos da cirurgia

Cirurgia voltou a ser tema de debate após a morte da influenciadora Luana Andrade, aos 29 anos

Por Luiza Lemos

Cirurgia tem o objetivo de retirar gordura localizada
Cirurgia tem o objetivo de retirar gordura localizada
Reprodução/Canva

A lipoaspiração, procedimento estético cada vez mais popular no Brasil, virou tema de debate após a morte da influenciadora Luana Andrade, aos 29 anos, na última terça-feira (29). A jovem faleceu após quatro paradas cardíacas durante o procedimento, que retiraria excesso de gordura do abdômen e dos joelhos. O procedimento teve evoluções médicas para evitar maiores riscos e é cada vez mais popular.

A cirurgia consiste em retirar a gordura localizada do corpo com uma cânula conectada a uma mangueira com vácuo. Mas há também outras técnicas, como a vibro lipoaspiração, utilização de radiofrequência, plasma e laser. Assim, aumentando a elasticidade da pele e promovendo a contração, sem perder a qualidade da pele. 

Segundo o chefe do núcleo de plástica avançada da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Rodrigo Dornelles, a cirurgia tem riscos como os mais diversos procedimentos. “A lipoaspiração não é isenta de riscos, como perfurações e até reações adversas aos anestésicos podem acontecer, mas intercorrências cirúrgicas não são frequentes”, avalia. 

Relembre o caso de Luana Andrade:

O médico lista algumas das reações que podem ocorrer devido ao impacto da cirurgia. “Hematomas, edemas prolongados, perfurações, embolia gordurosa, principalmente quando associada a lipoenxertia, sendo esta última gravíssima, levando a complicações sistêmicas como a embolia pulmonar ou mesmo parada cardíaca e, eventualmente, morte”, pontua.

Mesmo com fins estéticos, a lipoaspiração é recomendada para pacientes com saúde em dia, sem comorbidades, para diminuir os riscos, segundo o cirurgião Pedro Archer. “Por isso não tem grandes riscos, por se limitar apenas na camada adiposa. Ela é recomendada para as pessoas que, mesmo com exercício físico, não conseguem retirar gorduras localizadas”, avalia.

Pelos riscos, Archer afirma que a cirurgia necessita de equipe hospitalar completa. “Por mais que seja estética, deve ser realizada em hospital, equipe cirúrgica completa, em uma unidade com suporte de terapia intensiva, caso ocorra alguma complicação, a gente consiga transferir esse paciente para o suporte intensivo", afirma. 

Apesar dos riscos, a cirurgia é cada vez mais popular

Lipoaspiração é cada vez mais popular | Reprodução/Canva

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, pelo menos 2 milhões de pessoas fizeram uma lipoaspiração em 2023. A intervenção estética é a cirurgia mais procurada no Brasil atualmente. Para Rodrigo Dornelles, a cirurgia é cada vez mais popular e levada como simples pela praticidade. 

“São pequenos orifícios feitos, o paciente pode em pouco tempo retornar às atividades laborativas, se afastar por pouco tempo das atividades físicas, assim o procedimento fica popular por resultar rapidamente. Mas a cirurgia necessita de cuidados de resguardo no pós-operatório, pois o corpo entende como trauma e reage na recuperação”, pontua. 

Para a psicóloga Amanda Viana Ribeiro, do Grupo Reinserir, a cirurgia também ficou popular pela pressão estética imposta principalmente às mulheres. “Vivemos em uma sociedade que valoriza o padrão estético, as redes sociais e propagandas ditam o que é bonito. Os procedimentos prometem a satisfação da imagem, construída seguindo os padrões de beleza. A razão principal é continuar em busca de um ‘corpo perfeito’, somos seres desejantes e cada vez mais desejando o irreal”, analisa. 

A psicóloga também avalia que o procedimento foi normalizado também pelo aumento de influenciadoras nas redes sociais fazendo os procedimentos. “O papel delas é de vender a imagem de uma vida ‘desejável’, não é diferente com o corpo. Tanto, que é comum cupons de desconto ou procedimentos de permuta em clínicas de estética, isso pressupõe influência e propaganda”, afirma. 

Cirurgia pode ser desaconselhada pelo médico em caso de alto risco

Lipoaspiração pode trazer riscos | Reprodução/Canva

Como o procedimento não é simples e tem um preparo intenso para poder ser feito, a lipoaspiração, segundo Rodrigo Dornelles, pode ser desaconselhada e até cancelada pelos cirurgiões. “Nas consultas pré-operatórias, o médico deve abordar todas as limitações, orientando perda de peso e início de atividades físicas para poder usufruir dos resultados da cirurgia”, afirma. 

E apenas uma equipe médica e hospital confiável não assegura a cirurgia. “A estrutura é primordial, bem como avaliação e exames pré-operatórios, mas isso não isenta de riscos, só podemos minimizá-los tomando cuidados, como a escolha do cirurgião, na realização dos exames, no local onde será realizado o procedimento e sua retaguarda”, diz o médico.

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