Lourena Cid usou estrutura da Apex para negociar joias nos EUA, diz investigação

Segundo investigação interna da empresa, o general usou o celular funcional para compartilhar fotos de joias e objetos de arte do acervo da Presidência

Por Túlio Amâncio

Lourena Cid usou estrutura da Apex para negociar joias nos EUA, diz investigação
O general da reserva Mauro Lourena Cid falou à PF novamente
Roberto Oliveira/Alerj

O general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, usou a estrutura da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, nos Estados Unidos, para negociar joias da Presidência da República. 

A Apex chegou a essa conclusão após uma investigação interna na empresa, iniciada em abril deste ano. O relatório será enviado ao Supremo Tribunal Federal, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União. 

“O general utilizou a estrutura do escritório para atividades não relacionadas à função de General Manager. Isso ocorreu antes e depois de sua demissão do cargo, em 3 de janeiro de 2023”, declarou a Apex. 

A empresa afirma que mesmo já demitido, mas ainda nas dependências do escritório, Lourena Cid usou o celular funcional para compartilhar fotos de joias e objetos de arte do acerto do ex-presidente. “As fotos, amplamente conhecidas, foram produzidas também pelo mesmo celular corporativo”, informou a Apex. 

A investigação interna também apontou que Lourena Cid resistiu em devolver os aparelhos corporativos, como celular e notebook. Os equipamentos foram devolvidos em 17 de janeiro e 7 de fevereiro. 

“Na devolução do celular, seus dados foram apagados, de forma irregular, por um servidor do EA [Escritório Apex] Miami na presença de outros (..). Em ambos os casos, foi contrariado o procedimento padrão de devolução e apagamento dos dados de equipamentos da ApexBrasil, que devem ter sua integridade atestada e seus dados apagados por uma empresa prestadora de serviços de tecnologia contratada da Agência. Seu passaporte oficial com visto de trabalho vinculado à ApexBrasil jamais foi devolvido”, diz a apuração interna.

Conclusão da Apex

As conclusões da investigação interna serão encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal, para serem analisados possíveis crimes cometidos, entre desvios de função, condutas desidiosas, crime de peculato e outros delitos. 

“A Diretoria da ApexBrasil prossegue na apuração e no exame de desdobramentos, desvios e eventuais irregularidades relacionados ao escritório de Miami. Novas providências poderão ser tomadas após a continuidade do processo de apuração e responsabilização, inclusive o desligamento de colaboradores”, declarou a empresa em nota. 

A Apex também decidiu fazer uma intervenção no escritório de Miami, para “avaliar todos os aspectos de sua funcionalidade operacional e negocial e propor completa reestruturação. Este trabalho encontra-se em fase de conclusão”. 

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