Ludhmila Hajjar: falar em Réveillon e Carnaval no Brasil é "inviável e irresponsável"

Médica pede ampliação da vacinação para conter variantes para poder se pensar em avançar nas flexibilizações

Da Redação, com BandNews TV

O Brasil vive, em geral, um momento de redução nos índices de infectados, internados e mortos por causa da covid-19, o que faz com que os governantes planejem um aumento da flexibilização nas medidas restritivas. Apesar do cenário, a médica Ludhmila Hajjar não concorda que seja o momento de se pensar em retomar à normalidade, pensando por exemplo no planejamento de festas como o Réveillon e Carnaval, principalmente com a chegada da variante delta ao País, considerada mais transmissível.

“Não pensaria em hipótese alguma. Jamais falaria em Carnaval, em festa de Réveillon. Eu falaria agora em vacinar, vacina, vacinar, ampliar a cobertura e, ao mesmo tempo, reforçar as responsabilidades individuais e coletivas. Nós não estamos vivendo o fim da pandemia, estamos começando a tentar ter um controle”, analisou a cardiologista da Univerdidade de São Paulo e intensivista da rede D’Or no programa Ponto a Ponto, da jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda no BandNews TV desta quarta-feira (11). Veja a entrevista na íntegra acima.

Para a médica, que recusou convite para assumir como ministra da Saúde do governo Bolsonaro, o fim da pandemia passa por três pontos: cobertura vacinal, eficácia das vacinas e evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus. Por isso, Ludhmila acredita que é preciso de 70% a 80% da população brasileira vacinada para que se discutam medidas de maior flexibilidade.

“Festa e aglomeração, para mim é completamente inviável e irresponsável. A dinâmica da pandemia descreve que isso deverá ser feito na medida em que a população é vacinada, que novas variantes não surjam. Acho que nós não podemos ter expectativas em relação a essa flexibilização extensiva no final do ano”, disse. 

Atualmente, o Brasil tem pouco mais de 22% de pessoas com imunização completa, com duas doses ou dose única.

A médica avalia ainda que a maior eficiência do plano de imunização passe por encurtar o intervalo entre doses da vacina – no caso da Pfizer, de três meses. Citando um estudo recente publicado no renomado New England Journal Of Medicine, Ludhmila disse que pessoas imunizadas com duas doses da AstraZeneca tiveram, em média, 73% de proteção efetiva contra a variante delta, enquanto a Pfizer atingiu índice de 88%.

Apesar não haver estudos publicados sobre o desempenho da CoronaVac contra a nova cepa, Hajjar destacou que a vacina chinesa é eficaz na prevenção de quadros mais graves da doença, citando os índices de eficiência no Chile, onde a população foi majoritariamente vacinada com esse imunizante.

“Estamos ainda longe de erradicar [a pandemia]. O Brasil, felizmente nas últimas semanas, tem uma queda de mortes, de pacientes infectados e isso tem uma relação direta com aumento de acesso da população à vacinação. Mas nós temos, por outro lado, dados em algumas cidades de aumento de síndrome respiratória, do surgimento de mais casos da variante delta. Então, não é momento de nós acharmos que a doença está no fim ou terminando. Este é um erro que nós não podemos cometer e nós já vimos países e estados que tiveram que recuar em termos das medidas protetivas por achar que a doença está no fim”, relembrou, citando o aumento recente de casos nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, turbinados pela nova cepa.

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