A Comissão Disciplinar da Fifa suspendeu por três anos Luis Rubiales, ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), de todas as atividades relacionadas ao futebol a nível nacional e internacional. A Fifa entendeu que ele violou o Artigo 13 do código do órgão, que trata de regras de fair play e comportamento.
Antes do banimento por três anos, Rubiales já enfrentava uma suspensão de 90 dias. O cartola espanhol passou a enfrentar um processo disciplinar no final de agosto, após os fatos ocorridos depois da final da última Copa do Mundo feminina, em que a Espanha conquistou o título. Durante a cerimônia de entrega das medalhas em Sidney, na Austrália, Rubiales segurou uma das jogadoras, Jenni Hermoso, pela cabeça com as duas mãos e aplicou-lhe um beijo não consentido. O episódio provocado pelo dirigente acabou ofuscando a conquista da seleção feminina espanhola e gerou pressão para Rubiales deixasse seu cargo na Federação.
No início de setembro, a jogadora Jenni Hermoso apresentou uma queixa criminal contra Rubiales. Procuradores da Justiça espanhola também denunciaram o cartola por agressão sexual e coerção perante o Supremo Tribunal do país.
A jogadora de 33 anos disse que se sentiu "vulnerável e vítima de uma agressão" ao ser beijada pelo dirigente. Ela descreveu o gesto como "um ato impulsivo, machista, fora de lugar e sem nenhum consentimento da minha parte".
Num primeiro momento, Rubiales foi suspenso provisoriamente, mas recusou-se categoricamente a renunciar durante a assembleia do órgão federativo, argumentando que o beijo foi consensual, o que foi negado pela atleta. Em consequência, as jogadoras espanholas se negaram a defender a seleção se o dirigente continuasse no cargo. Rubiales se disse vítima de um "linchamento político e midiático sem precedentes".
Quatro dias após Hermoso apresentar queixa, Rubiales apresentou definitivamente sua renúncia em comunicado publicado em sua conta na rede social X (ex-Twitter).
O comportamento do cartola, chefiou a Federação Espanhola de 2018 até setembro de 2023, também provocou críticas de políticos espanhóis. "O senhor Rubiales ainda não sabe onde está ou o que fez. Não está atualizado, deve renunciar imediatamente e nos poupar mais constrangimentos", disse a vice-primeira-ministra interina Yolanda Díaz, enquanto o dirigente ainda tentava se segurar no cargo.
Agora, a Fifa especifica que, de acordo com as disposições existentes no seu Código Disciplinar, Rubiales tem dez dias para "solicitar uma decisão fundamentada que, se solicitada, será posteriormente publicada em Legal.fifa.com", e que a decisão está sujeita a recurso perante o Comitê de Apelações.
O órgão máximo do futebol mundial acrescentou que "reitera seu compromisso absoluto em respeitar e proteger a integridade de todos e em garantir que as regras básicas de conduta decente sejam respeitadas".
jps/av (EFE, DW, ots)