A fala de Lula sobre as eleições na Venezuela repercutiu no país vizinho. O presidente cobrou respeito ao resultado das urnas em processo eleitoral respeitado. Nas pesquisas, Nicolás Maduro está em ampla desvantagem para o candidato da oposição. A eleição presidencial será neste domingo (28).
Líder nas pesquisas, o principal opositor de Maduro, González Urrutía, saudou as declarações de Lula. Urrutía disse estar agradecido pelo respaldo do presidente brasileiro para que o processo eleitoral seja pacífico e “amplamente respeitado” na Venezuela.
Por outro lado, o chefe de campanha do Chavismo e presidente da Assembleia Nacional venezuelana ironizou a fala de Lula ao questionar “como não vamos respeitar os resultados se vamos ganhar, irmão? Claro que vamos respeitar”.
O clima de desconfiança paira sobre o processo eleitoral do país, ainda mais depois que o Conselho Nacional Eleitoral, aparelhado por Maduro, retirou o convite para que a União Europeia seja observadora da votação. O aval dos europeus era considerado fundamental pela oposição ao regime.
"O que a gente não enxerga lá, nesse momento, é um requisito mínimo da democracia sendo cumprido, que é a possibilidade de você fazer um processo eleitoral justo, transparente, e permitindo que os opositores participem. E a prova final vai ser se vai haver uma transição pacífica de poder que muita gente ao redor do mundo olha com bastante desconfiança", analisou o professor de relações internacionais Uriã Fancelli.
Nesta terça-feira (23), ONGs e o sindicato da imprensa venezuelana denunciaram o bloqueio de acesso a site de notícias independentes. Observadores internacionais que foram autorizados pela ditadura já estão em solo venezuelano desde o início de julho.
No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral foi convidado para apenas acompanhar a eleição na Venezuela, o que é diferente do papel dos observadores que, de fato, investigam o processo. Dois representantes do TSE devem embarcar para Caracas nesta quinta-feira (25).
O assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, segue para a Venezuela na sexta (26) e viaja a pedido de Lula para buscar diálogo com os principais candidatos.