Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello criticou a nomeação do general da reserva Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, para a diretoria-geral do Tribunal Superior Eleitoral, dizendo que a escolha “discrepa da normalidade”.
“Me parece que no âmbito do executivo não vem bem de cima o exemplo, né? Será que os [Tribunais] Regionais Eleitorais vão também arregimentar militar da reserva para cargo de direção nos meios regionais? Nós não tivemos isso nem na época revolucionária, na época de exceção durante os regimes militares”, disse em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (29). Para o ex-presidente do TSE, há civis capacitados para exercer o cargo diretivo dentro o tribunal eleitoral.
Azevedo e Silva foi ministro da Defesa até março de 2021, quando saiu após atritos com Jair Bolsonaro por conta do envolvimento das Forças Armadas nos interesses políticos do presidente. Ele acabou substituído pelo general Walter Braga Netto.
Aposentado há quase cinco meses do cargo de ministro do STF, Mello não acredita que André Mendonça, seu substituto na corte, vá misturar sua religião com as decisões que terá de tomar nas votações do Supremo - ele foi nomeado pelo presidente Bolsonaro como promessa de sua base em indicar um ministro “terrivelmente evangélico”.
“Tenho certeza absoluta, atuará com muito afinco, com muita fidelidade a essa carta da República [a Constituição], que precisa ser, pelos brasileiros em geral, principalmente pelos homens públicos, amada um pouquinho mais”, analisou.