Quem é acusado de assédio não pode ficar no governo e Silvio de Almeida tem direito de se defender. São duas frases do presidente da República, que já confirmavam hoje cedo o que se esperava desde ontem. A demissão, até um tanto tardia do ministro. 

Os amigos de Silvio, ou os que acreditam ainda em sua inocência, poderiam ter se lembrado, talvez forçando uma esperança, do caso de Henrique Hargreaves, o ministro mais próximo do presidente Itamar. Alvo de uma acusação grave, mas de outra natureza, uma acusação de corrupção. 

Hargreaves pediu afastamento do governo, dedicou-se a provar sua inocência, aprofundou nisso tempo integral e, em seis meses, voltou completamente limpo para reocupar seu cargo. Conterrâneo mineiro, alguns dias depois de sua volta, que foi triunfal, ele me visitou na redação. 

A sensação que eu tive era a de estar conversando com o homem mais feliz do mundo. Guardadas as proporções e as diferenças dos dois episódios, o que se tem agora, com a sequência de novas evidências, que vão aparecendo, é que as condições de defesa do ex-ministro, que estava escalado para cuidar dos Direitos Humanos. Não encorajam esperanças de sucesso. Longe disso.