Sem água potável, alimentos e saneamento básico que um cessar-fogo pode trazer, as mortes de crianças devido a doenças podem ultrapassar as mortes em bombardeios na Faixa de Gaza, declarou o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Elder, nesta terça-feira (19).
“Neste momento, a prestação de ajuda é uma questão de vida ou morte para as crianças em Gaza e as condições para fornecer essa ajuda não estão sendo cumpridas. Um cessar-fogo humanitário imediato e duradouro é a única forma de acabar com a matança e os ferimentos de crianças, e com as mortes de crianças devido a doenças, e permitir a entrega urgente da ajuda vital desesperadamente necessária”, disse James Elder.
O porta-voz do Unicef lembra a declaração da ONU de um mês atrás, onde a organização informou que essas zonas “não podem ser seguras nem humanitárias” quando declaradas unilateralmente.
“Além disso, ao abrigo do direito internacional, o local para onde as pessoas são evacuadas deve ter recursos suficientes para a sobrevivência – instalações médicas, alimentos e água”, afirmou. “Ou seja, essas chamadas zonas seguras só são seguras não apenas quando estão livres de bombardeios, mas quando essas condições – comida, água, remédios, proteção - também são atendidas”, acrescentou o porta-voz.
James Elder reforça que, atualmente em Gaza, há em média cerca de um banheiro para 700 crianças e famílias.
“Sem água e saneamento, nem abrigo, estas chamadas zonas seguras tornaram-se zonas de doenças. Os casos de diarreia em crianças ultrapassam os 100 mil. Os casos de doenças respiratórias agudas em civis ultrapassam os 150 mil. Ambos os números serão uma subestimação grosseira da triste realidade”, lamentou o porta-voz da agência da ONU.