O Ministério Público Federal anunciou nesta sexta-feira (22) que apresentou denúncia contra três pessoas pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips. Os crimes ocorreram no Vale do Javari, no Amazonas, em 5 de junho.
A denúncia foi apresentada na quinta-feira e já aceita pela Justiça Federal em Tabatinga (AM), onde tramita o processo, e Amarildo da Costa Oliveira (conhecido pelo “Pelado”), Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Dantos”) e Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”) se tornaram réus.
Em comunicado à imprensa, o MPF afirma que "Amarildo e Jefferson confessaram o crime, enquanto Oseney teve a participação comprovada por depoimentos de testemunhas. A denúncia traz ainda prints de conversas e cita os resultados de laudos periciais, com a análise dos corpos e objetos encontrados".
A íntegra da denúncia não foi divulgada. “Informamos que a íntegra da denúncia está passando por análise, em razão das previsões da Lei Geral de Proteção de Dados, e será disponibilizada após a supressão dos dados pessoais irrelevantes para fins de divulgação”, diz a assessoria.
De acordo com o MPF, o motivo dos assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido para Dom fotografar o barco dos acusados, que eram suspeitos de pesca ilegal em território indígena. Isso é classificado na denúncia como um motivo fútil que pode agravar a pena.
Segundo a acusação, Bruno foi morto por três tiros, sendo um deles pelas costas, enquanto o jornalista teria sido assassinado para assegurar a impunidade pelo crime anterior.
Mandante
A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) criticou a investigação da PF (Polícia Federal) em junho. O comunicado da PF dizia que “não há mandante ou organização criminosa” por trás do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.
“A Univaja não concorda com o desfecho da Polícia Federal que afirma não haver mandante para o crime que culminou na morte de Dom e Bruno", disse a entidade indígena em nota.
Nesta semana, a Univaja denunciou que garimpeiros mantêm clima de tensão na região do Vale do Javarí. Segundo o grupo, no último fim de semana dois homens armados foram à Base de Proteção Etnoambiental da Funai (Fundação Nacional do Índio), no Rio Jandiatuba, no Vale do Javari, no Amazonas, para intimidar funcionários.