Em mais um sinal de abertura da Igreja Católica a pessoas LGBTQ, o papa Francisco afirmou que mulheres trans "são filhas de Deus", estimadas pelo Todo-Poderoso do jeito que elas são.
Em entrevista à revista espanhola Vida Nueva publicada nesta sexta-feira (04/08), o pontífice relatou não se preocupar com o incômodo que alguns sentem pelo fato de ele acolher mulheres trans no Vaticano durante a audiência geral das quartas-feiras.
"A primeira vez que me viram elas saíram chorando, dizendo que eu havia dado a mão a elas, um beijo. Como se eu tivesse feito algo excepcional", disse à revista. "Mas elas são filhas de Deus! E Ele gosta de vocês assim."
Francisco voltou a frisar que a Igreja Católica precisa estar aberta ao diálogo com todos. "É algo que nos foi ensinado por Jesus", afirmou. Agir diferente, argumentou, seria um sinal de "fraqueza" e de falta de fé na "força do Evangelho".
"Todos devem se sentir acolhidos. Não podemos desistir disso, porque o Senhor nos ensinou assim", continuou. "Jesus diz: 'Vão e tragam todos a mim, saudáveis e doentes, justos e pecadores'. Todos. Se a Igreja não tem o que Jesus ensinou, não é a Igreja."
Em Lisboa, Portugal, onde preside a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) até domingo, o pontífice declarou nesta sexta que a Igreja "não é um museu de arqueologia", e que ninguém é uma "doença" ou "problema" – a comunidade LGBTQ presente ao evento, porém, não é mencionada na programação oficial.
Tema sensível
Em julho, o líder supremo da Igreja Católica já havia afirmado a um ouvinte de um podcast do Vaticano que se disse "dividido entre a fé a transgeneridade" que "Deus nos ama do jeito que somos".
Apesar das declarações do pontífice, o acolhimento de pessoas LGBTQ na Igreja Católica ainda é um assunto sensível.
O próprio Francisco já afirmou em outras ocasiões que "ser homossexual não é crime", ao condenar leis que criminalizavam essas pessoas, e defendeu direitos civis iguais a casais do mesmo sexo. Ao mesmo tempo, o pontífice sustenta que o casamento só poderia ser compreendido como uma união por toda a vida entre um homem e uma mulher, e que atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo seriam pecado.
Uma cúpula de bispos programada para outubro e também 2024 deve discutir as posições da Igreja em relação a pessoas LGBTQ, mulheres e católicos divorciados que contraíram um segundo matrimônio no civil.
ra (ots, Lusa)