O bilionário americano Elon Musk, importante aliado do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, manteve contato frequente com o presidente russo Vladimir Putin ao longo dos últimos dois anos, segundo noticiado pelo jornal The Wall Street Journal nesta sexta-feira (25/10).
O dono da rede social X e da fabricante de carros elétricos Tesla se projetou nos últimos anos como uma voz proeminente da direita americana, despejando milhões de dólares na campanha de Trump e transformando o antigo Twitter em uma plataforma popular entre apoiadores do ex-presidente, extremistas e propagadores de desinformação russa.
Musk também é dono da SpaceX, parceira da Nasa e do programa americano de satélites. A empresa tem contratos públicos bilionários com o governo dos Estados Unidos em áreas sensíveis para a segurança nacional.
A notícia sobre os contatos dele com Putin também reforça preocupações com uma possível interferência russa na política americana.
O próprio Trump já chegou a prometer um cargo para Musk caso vença as eleições americanas, em 5 de novembro.
Sobre o que Musk e Putin conversaram
Uma fonte ouvida sob condição de anonimato afirmou à agência de notícias Associated Press que Musk e Putin mantiveram contato por telefone, mas não deu detalhes sobre a frequência das ligações, datas ou conteúdo das conversas.
Segundo o WSJ, que cita fontes do governo americano e russo, Musk e Putin teriam discutido nos telefonemas assuntos da vida privada, mas também negócios e geopolítica.
Em uma dessas conversas, Putin teria pedido ao bilionário que não ativasse seu sistema de satélites Starlink sobre Taiwan para agradar o presidente chinês Xi Jinping – com quem Putin se encontrou mais de 40 vezes desde 2013.
A Rússia nega que essas conversas tenham existido.
Musk não se pronunciou. Em 2022, o empresário disse que só falou com Putin uma vez, em uma ligação feita um ano e meio antes onde os dois falaram sobre o espaço.
A embaixada da China em Washington disse desconhecer detalhes de quaisquer pedidos feitos por Putin em nome da Rússia.
O caso também não foi comentado por representantes da Casa Branca.
Relações de Musk têm se mostrado incômodas para os EUA
Musk, que tem uma fábrica da Tesla em Xangai, aproximou-se de líderes chineses e tem sugerido que Taiwan deveria abrir mão da independência e aceitar tornar-se uma região administrativa especial da China.
No início da guerra na Ucrânia, o empresário chegou a apoiar Kiev colocando seu sistema de satélites Starlink a serviço do país. Mas em 2023, negou acesso ao serviço durante um ataque surpresa de tropas russas na Crimeia. Antes disso, ainda em 2022, ele sugeriu que a Ucrânia deveria desistir de entrar na Otan e abrir mão da Crimeia, tomada pela Rússia em 2014, como forma de encerrar o conflito.
ra (AP, AFP)