O escritor, poeta e dramaturgo norueguês Jon Fosse ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 2023 por “suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (5) pela Academia Sueca.
No anúncio, a Academia informou que Jon Fosse, que nasceu em 1959 em Haugesund, na costa oeste da Noruega, produziu obras que abrangem uma variedade de gêneros e essa riqueza pode ser observado em peças de teatro, romances, coleções de poesia, ensaios, livros infantis e traduções
“Embora seja um dos dramaturgos mais representados no mundo, ele também se tornou cada vez mais reconhecido por sua prosa (..). A condição humana é o tema central da obra de Fosse, independentemente do gênero”, escreveu a Academia na publicação de anúncio.
Em comunicado enviado à agência de notícias Reuters, o escritor afirmou que ganhar o Nobel é “impressionante e assustador” ao mesmo tempo. "Estou maravilhado e um tanto assustado. Vejo isso como um prêmio à literatura que, antes de tudo, pretende ser literatura, sem outras considerações", disse.
Segundo a Academia, Jon Fosse têm muito em comum com o precursor na literatura norueguesa de Nynorsk, Tarjei Vesaas. “Fosse combina fortes laços locais, tanto linguísticos como geográficos, com técnicas artísticas modernistas”.
“Embora Fosse partilhe a perspectiva negativa dos seus antecessores, não se pode dizer que a sua visão gnóstica particular resulte num desprezo niilista pelo mundo. Na verdade, há grande calor e humor no seu trabalho, e uma vulnerabilidade ingênua às suas imagens nítidas da experiência humana”, pontuou a Academia.
Para a premiação, a obra-prima de Fosse é a série Septology, que ele concluiu em 2021. Já na dramaturgia, o destaque foi com a peça Nokon kjem til å komme, de 1996, “com os seus temas de antecipação assustadora e ciúme paralisante, a singularidade de Fosse é totalmente evidente”, diz a Academia.
Conhecida como "novo norueguês" e usada por apenas 10% da população da Noruega, a versão de Fosse da língua foi desenvolvida no século 19 com dialetos rurais em sua base, tornando-se uma alternativa ao uso dominante do dinamarquês após uma união de 400 anos com a Dinamarca.
Fosse já era cotado como um dos possíveis laureados neste ano, assim como seu conterrâneo Karl Ove Knausgard. Este foi, inclusive, aluno de Fosse na Skrivekunstakademiet (Academia de Escrita) em Bergen. O professor aparece brevemente em Minha luta, série de seis romances autobiográficos que tornou Knausgard um dos autores mais importantes da Noruega.