Uma segunda onda de explosões de dispositivos de comunicação matou três pessoas e feriu mais de 100 nesta quarta-feira (18/09) em redutos do grupo xiita Hezbollah no Líbano, de acordo com autoridades locais.
Uma fonte próxima ao Hezbollah disse que walkie-talkies usados por seus membros explodiram em Beirute, com a mídia estatal relatando explosões semelhantes no sul e no leste do Líbano. O Ministério da Saúde também descreveu os dispositivos visados como walkie-talkies.
Imagens da AFPTV mostraram pessoas correndo em busca de abrigo quando uma explosão ocorreu durante um funeral de militantes do Hezbollah no sul de Beirute na tarde de quarta-feira.
Nove pessoas foram mortas e mais de 300 ficaram feridas nos últimos ataques, segundo as autoridades libanesas.
Isso aconteceu um dia depois que a explosão simultânea de centenas de pagers usados pelo Hezbollah matou 12 pessoas, incluindo duas crianças, e feriu outras cerca de 2,8 mil pessoas em todo o Líbano, em um ataque sem precedentes atribuído a Israel.
Segundo a agência de notícias Associated Press, embora os pagers fossem usados pela milícia libanesa, parte dos atingidos pelo ataque não eram combatentes, e sim membros da estrutura civil que atende à comunidade xiita, como dois profissionais de saúde que acabaram mortos.
Não houve comentários de Israel, que poucas horas antes dos ataques de terça-feira havia anunciado que estava ampliando os objetivos de sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza para incluir sua luta contra o Hezbollah, aliado do grupo palestino.
"Israel é totalmente responsável"
O Hezbollah disse que Israel é "totalmente responsável por essa agressão criminosa" e reiterou que vingaria o ataque, enquanto prometia continuar sua luta contra Israel em apoio ao Hamas na guerra de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, alertou que o "ataque flagrante à soberania e à segurança do Líbano" é um desenvolvimento perigoso que pode "sinalizar uma guerra mais ampla".
O fluxo de feridos nesta terça-feira foi tamanho que sobrecarregou os hospitais nos redutos do Hezbollah.
Em um hospital de Beirute, a médica Joelle Khadra disse que "os ferimentos foram principalmente nos olhos e nas mãos, com amputações de dedos, estilhaços nos olhos – algumas pessoas perderam a visão".
Um médico de outro hospital de Beirute, que pediu anonimato porque não estava autorizado a falar com a mídia, disse que havia trabalhado durante a noite e que os ferimentos eram "de outro mundo – nunca vi nada igual".
Reunião na ONU
O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunirá nesta sexta-feira para discutir as explosões de pagers no Líbano tendo como alvo o grupo militante Hezbollah, disse o embaixador da Eslovênia na ONU, Samuel Zbogar, presidente em setembro do conselho de 15 membros.
A reunião foi solicitada pela Argélia em nome dos Estados
árabes, disse ele.
Mais cedo na quarta-feira, o secretário-geral da ONU António Guterres alertou que as explosões de pagers contra o Hezbollah indicam "um sério risco de uma escalada dramática no Líbano, e tudo deve ser feito para evitar essa escalada".
"Obviamente, a lógica de fazer todos esses dispositivos explodirem é fazer isso como um ataque preventivo antes de uma grande operação militar", disse ele aos repórteres antes da reunião anual de líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU.
md/ra (AFP, Reuters, AP)