O que o frio extremo faz com nosso corpo

Uma queda de 2º C na temperatura do organismo já é o suficiente para provocar um quadro de hipotermia. Onda gelada que varreu países ao norte do globo no início de 2024 pede prudência

Por Deutsche Welle

O que o frio extremo faz com nosso corpo
Pessoas em meio a nevascas em Pequim, China
REUTERS/Tingshu Wang

A temperatura ideal para o corpo humano varia entre 36,5º C e 37º C. É quando o organismo funciona melhor: nosso metabolismo e todos os nossos órgãos dependem disso, e é por isso que o corpo faz de tudo para mantê-la nesse patamar.

Até um certo limite: ao redor do mundo, mais de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos por calor ou frio excessivo.

O metabolismo regula a temperatura do corpo

Receptores permitem ao nosso corpo saber se estamos com a temperatura certa: se ela diminui demais, nosso organismo tenta ativar o metabolismo como mecanismo de compensação.

O metabolismo nos dá os nutrientes necessários. É ele que processa nossos alimentos, transformando-os no combustível que nos manterá em funcionamento. Também aquece nosso corpo por meio da geração de energia, regulando nossa temperatura – a circulação sanguínea desempenha um papel importante nesse processo.

Quando sentimos frio, nossas veias se contraem, e o resultado é que menos sangue circula pelo corpo. Com isso, as células nos diferentes tecidos que dependem dessa irrigação ressecam, causando dor: primeiro nos dedos dos pés e da mão, no nariz e nas orelhas. Se a temperatura do corpo continuar caindo, o coração, o pulmão e o cérebro são os próximos a serem afetados, deixando de funcionar plenamente.

Se o corpo resfriar 2º C, vem a hipotermia. A partir daí, nosso corpo começa a trabalhar de forma mais intensa para se proteger, ativando os músculos e fazendo-nos tremer dos pés à cabeça.

Não tremer não é um bom sinal

O corpo deixa de tremer aos 32º C de temperatura corporal. Mas isso, longe de ser um bom sinal, é um indicador de que já não há mais energia – nem mesmo para tremer. O cérebro e as extremidades nervosas deixam de transmitir sinais, e surge a sensação de dormência nos braços e pernas.

Nesta fase, a dor diminui, mas já quase não é possível se mexer ou falar. Os pensamentos se anuviam, a confusão é total e a desorientação, cada vez maior. O corpo entra em modo de economia de energia e ativa seu programa de emergência. No entanto, isso também deixa de funcionar em algum momento.

O que pode ajudar em caso de hipotermia?

Em temperaturas extremas, devemos proteger nosso corpo da melhor forma possível, a começar por roupas quentes – o que inclui toucas, luvas, cachecóis e meias grossas. Se sabemos que estaremos expostos por um longo período ao frio intenso, o aconselhável é levar consigo um kit de emergência – composto, basicamente, de uma manta térmica de emergência e aquecedores de bolso, para manter as mãos e os dedos aquecidos.

Um sinal de hipotermia é a sensação de dormência e formigamento, principalmente no nariz, nas orelhas e nos dedos das mãos e dos pés. Tentar aquecer essas partes do corpo com uma bolsa de água quente não é uma boa ideia – o choque de temperatura pode danificar os vasos sanguíneos resfriados. Em vez disso, o melhor é usar água morna para descongelar os dedos e os dedos dos pés lentamente.

Quem acha que pode manter-se aquecido com um pouco de bebida alcoólica está enganado. A princípio, pode parecer que o álcool gera um calor agradável de dentro para fora. No entanto, ele dilata os vasos sanguíneos. Por outro lado, o frio os estreita para minimizar a perda de calor. Isso pode levar a uma avaliação incorreta da situação. A pele pode parecer quente, mas o corpo está congelando, algo que talvez demoremos a perceber.

Congelar dói?

Quando a temperatura corporal cai abaixo de 29,5º C, o córtex cerebral para de funcionar, levando à perda de consciência. O coração trabalha menos: em vez de 60 vezes por minuto, ele bate apenas uma ou duas vezes. O sangue não pode mais ser bombeado rapidamente pelo corpo, e a morte pelo frio é praticamente certa. Se esta é uma morte "suave", contudo, isso é algo sobre o qual não há consenso científico.

Autor: Gudrun Heise

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