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Ônibus escolar é alvo de ataque ao passar por protesto no Paraná

Estudantes dizem que homem disparou dois tiros contra o coletivo

Narley Resende

Um ônibus escolar que transportava cerca de 30 alunos do Colégio Estadual do Paraná Cyriaco Russo, em Bandeirantes, no Norte do Estado, foi alvo de ataque na noite de quarta-feira (24), por volta das 21h30, ao passar por manifestantes contrários ao resultado das eleições presidenciais. Estudantes dizem que um homem fez dois disparos de arma de fogo contra o coletivo.  

Segundo as testemunhas, o ônibus passava em frente à base militar Tiro de Guerra, na Avenida Edelina Meneghel Rando, onde havia concentração de manifestantes em uma das entradas da cidade, quando alunos fizeram “L” em alusão ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse momento, tiros teriam sido disparados contra o coletivo, quebrando ao menos duas janelas. Ninguém ficou ferido. 

Os alunos do colégio voltavam de um evento de Fanfarra, na cidade de Itambaracá (PR), quando o ataque aconteceu. 

Uma estudante, de 18 anos, que pediu para não ser identificada, disse que viu um homem armado. 

“A gente estava fazendo uma apresentação em Itambaracá e quando a gente estava voltando, a gente passou em frente ao Tiro de Guerra. A gente veio batendo nos instrumentos e gritando desde quando a gente saiu. E quando a gente passou em frente ao Tiro de Guerra, a gente viu um homem de camisa branca e jaqueta preta apontando uma arma e deu dois tiros. Quando a gente viu, o ônibus estava com os vidros trincados. E a gente foi direto para a delegacia”, contou ao Portal da Band.

Outro aluno, que também pediu para ter o nome mantido em sigilo, disse que viu um homem suspeito momentos antes do disparo. “A única imagem que eu tenho do homem, era um homem com jaqueta preta e camisa branca, não vi o rosto pois tudo aconteceu muito rápido, alguns alunos que estavam mais distantes não conseguiram ver, mas eles concordam com a opinião que era tiro”, disse. 

A coordenadora da Fanfarra, que pediu para não ser identificada, fez um desabafo sobre a situação. “Já passaram dos limites, pelo amor de Deus, virou cidade sem lei agora? Normalizaram sair por aí atirando em ônibus escolar com crianças e adolescentes dentro? E se pega em algum aluno? São seus filhos que estão em perigo. Cadê a polícia desta cidade, que não toma uma atitude? Mas democracia, eles tem o direito, direto de atirar nas pessoas? Que absurdo, olha proporção que isso vem tomando, é vergonhoso. Além de ser muito perigoso.”, pontuou. 

O motorista do ônibus foi até uma delegacia logo após o ataque e a diretora da escola confirmou que fez um boletim de ocorrência. Ela não quis dar entrevista antes de obter autorização da Secretaria de Estado da Educação. 

As assessorias das polícias Civil e Militar, assim como da Secretaria de Estado da Segurança Pública, foram procuradas e a reportagem aguarda retorno. O boletim de ocorrência foi registrado na 2ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar de Bandeirantes. 

Versões diferentes

De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela diretora da escola e pelo motorista do ônibus, “às 22h um homem procurou a Polícia Militar relatando que transportava alunos da fanfarra quando na Avenida Edelina Meneghel Rando, nas proximidades do Tiro de Guerra, os alunos perceberam quando o ônibus foi atingido por um disparo de arma de fogo. Relatou também que foi constatado que duas ianelas do ônibus foram danificadas”. 

Outro boletim de ocorrência, registrado por manifestantes, acusa a diretora, o motorista e os estudantes de fazerem falsa comunicação de crime. "Às 22h45 dois homens procuraram a Polícia Militar informando que faziam parte dos manifestantes que se encontravam nas proximidades do Tiro de Guerra e que a versão relatada sobre o ônibus de alunos ter sido atingido por um disparo de arma de fogo não procede. Relatou ainda que tomaram conhecimento que o ônibus fora alvo de um apedrejamento na cidade de Itambaracá e que tentaram atribuir o dano aos manifestantes, visto que já por algumas vezes quando transportes com alunos passam pelo local da manifestação acabam por gritar a expressão 'Faz o L'".

Para as testemunhas ouvidas pela reportagem, essa segunda versão “não faz o menor sentido”, já que além dos estudantes havia dentro do ônibus o motorista, a diretora e a pedagoga da escola e que todos corroboram com a primeira versão. 

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