Os resultados finais e oficiais das eleições na Polônia, divulgados nesta terça-feira (17/10), confirmaram que a aliança oposicionista está no caminho para formar o próximo governo, que teria o ex-primeiro-ministro Donald Tusk (2007-2014) novamente como principal líder.
Se a coalizão for confirmada, o novo governo deve consolidar um ponto de virada principalmente na política externa polonesa, com um rumo mais liberal e pró-União Europeia (UE).
Desta forma, a Polônia se afastaria do conservadorismo nacionalista e populista, além do euroceticismo, do Lei e Justiça (PiS), que governa o país desde 2015.
O PiS, do atual primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, foi o partido mais votado na eleição nacional que ocorreu no último domingo. Com mais de 35% dos votos, o partido continua como a maior força política na Polônia. Mas o número não é suficiente para alcançar maioria.
O partido liberal Plataforma Cívica (PO) ficou em segundo lugar, com 30,70%, enquanto a Terceira Via, de centro-direita, ficou em terceiro lugar, com 14,40%, e a Nova Esquerda teve 8,61% dos votos. A tendência é de que os três partidos iniciem conversas para a formação de uma coalizão.
O partido de extrema direita Confederação seria o único capaz de formar uma aliança com o PiS, mas o desempenho foi abaixo do esperado, com apenas 7,16% dos votos.
Decisão em aberto
O PiS, no entanto, ainda pode ser o primeiro partido encarregado de formar um governo. A definição de quem terá essa missão, em um primeiro momento, cabe ao presidente, Andrzej Duda, que é próximo ao PiS.
Observadores especulam que, devido a isso, ele poderá nomear um político do partido, que, no entanto, pode declinar a tarefa devido às possibilidades de fracasso.
Antes da votação, Duda havia dito que daria a primeira chance para trabalhar na formação do governo ao grupo ou partido que obtivesse o maior número de votos.
O que o resultado significa
A vitória da oposição significa uma mudança no espectro político da Polônia porque há forte tendência de contraposição aos conceitos nacionalistas do PiS. Questões como a invasão russa na vizinha Ucrânia, a imigração e os direitos das mulheres e de grupos LGBT dominaram a campanha eleitoral.
O PiS tem tido uma relação difícil com a UE, travando constantes embates com Bruxelas. Tusk, por outro lado, promete reconstruir as relações e desbloquear fundos que foram congelados devido a um impasse sobre o Estado de direito na Polônia.
Aos 66 anos, ele já foi primeiro-ministro do país entre 2007 e 2014 e atuou como presidente do Conselho Europeu entre 2014 e 2019.
A eleição do último domingo despertou grande interesse na Polônia, com um comparecimento recorde de 72,9%, a maior participação desde a mudança democrática, há 34 anos. Em junho de 1989, quando os poloneses decidiram abolir o regime comunista, 62,7% dos eleitores aptos a votar foram às urnas.
gb (AP, Reuters)