Papa encontra líder indígena e ouve pedido de apoio a Lula

Davi Kopenawa pediu a pontífice que apoie os esforços do presidente para salvar povo yanomami. Terra indígena sofre com garimpo e desmatamento ilegal.

Por Deutsche Welle

Liderança do povo yanomami, Davi Kopenawa esteve com o papa Francisco no Vaticano nesta quarta-feira (10/04) e disse ter feito um apelo ao pontífice para que apoie os esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para salvar sua gente.

"Pedi ao papa que apoie o governo Lula, porque Lula precisa de amigos. Ele não será capaz de fazer isso sozinho [salvar o povo yanomami]. Há muitas pessoas em volta dele, políticos que não querem que ele resolva isso", disse Kopenawa a repórteres. "Uma pessoa sozinha não pode resolver tudo. Por isso eu pedi apoio."

Em resposta, o chefe da Hutukara Associação Yanomami, que luta por direitos indígenas e pela preservação da Floresta Amazônica, disse ter ouvido do papa que ele conversaria com Lula.

"Não estou dizendo que vão resolver. É fácil acabar com as coisas, difícil é consertá-las. Mas eles estão tentando", disse. "Sou um homem da floresta que cuida do nosso planeta Terra. Estou esperando que a comunidade internacional lute, estou esperando pela comunidade internacional que tem dinheiro que faça isso, que pare a destruição do nosso planeta Terra que está acontecendo agora."

Garimpo e desmatamento ameaçam os yanomami

A visita, segundo Kopenawa, se deveu a um convite de Francisco. O papa tem feito da defesa do meio ambiente um dos pilares de seu pontificado, e tem condenado o saqueamento de recursos naturais na Amazônia e em outros lugares.

Ao pontífice, o líder indígena citou a contaminação da água pelo mercúrio, usado pelo garimpo, e o desmatamento para a criação de gado e a plantação de soja como as maiores ameaças ao seu povo, que tem amargado desnutrição e mortes.

Acredita-se que existam hoje 28 mil yanomamis. Eles vivem na maior reserva indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami, que faz fronteira com a Venezuela e está localizada nos estados de Roraima e Amazonas.

O território sofre há décadas com a invasão de garimpeiros, mas o assédio aumentou nos últimos anos com o desmonte das políticas de proteção ambiental durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sob Lula, o governo federal tem tentado retirar os garimpeiros da TI Yanomami, mas eles têm persistido. Em janeiro, foram anunciados R$ 1,2 bilhões em ajuda aos indígenas dali.

O equilíbrio da Floresta Amazônica é crucial para conter o avanço das mudanças climáticas – e as áreas dela mais bem preservadas, segundo estudos, são as que estão sob tutela dos indígenas.

ra (Reuters, AP)

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