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Papa se reúne com vítimas de abusos sexuais da Igreja em Lisboa

Em Portugal para a Jornada Mundial da Juventude, pontífice pede perdão aos sobreviventes e critica lenta reação da Igreja aos casos de pedofilia. Vítimas dizem que bispos foram arrogantes e desrespeitosos após denúncias.

Por Deutsche Welle

Em seu primeiro dia em Portugal, onde chegou para participar da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco se reuniu na quarta-feira (03/08) com vítimas de abusos sexuais da Igreja Católica portuguesa.

Em Lisboa, o pontífice recebeu 13 pessoas, ouviu seus relatos e criticou a lenta reação da Igreja para lidar com o problema.

Rute Agulhas, líder do grupo, criado pela própria Igreja para dar apoio às vítimas, disse que foi um "momento reparador". "Da parte do Papa, houve total disponibilidade para escutar até ao fim", relatou.

Ao final do encontro de uma hora de duração, Francisco pediu perdão às vítimas em seu nome e em nome da Igreja.

"Os escândalos desfiguraram o rosto da instituição e apelam a uma purificação humilde e constante, partindo do grito angustiado das vítimas, que devem ser sempre acolhidas e escutadas", disse o papa em visita ao Mosteiro dos Jerônimos, em Belém, antes do encontro com as vítimas.

O papa mencionou a "raiva que alguns alimentam em relação à Igreja" devido aos abusos e pregou a necessidade de transformação, para que a instituição possa sair da margem das desilusões e do imobilismo e alcançar a todos.

Quase 5 mil casos de abuso infantil em Portugal

Em fevereiro, um relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, que se baseia em cerca de 500 depoimentos, apontou um total de 4.815 vítimas de abusos cometidos por padres e membros da Igreja em Portugal, de 1950 a 2022. As vítimas criticaram a lenta reação e o desdém das autoridades da Igreja para com o relatório

"Os bispos portugueses dividiram-se, foram hesitantes, arrogantes e, acima de tudo, não mostraram a empatia e o respeito que eram esperados para com as vítimas", afirmou Helena Pereira, editorialista do jornal português Público, citada pelo portal de notícias G1.

Muitos dos acusados de abusos ainda exercem suas funções na Igreja, uma vez que a maioria dos crimes já prescreveu.

rc/le (ots)

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