Paquistão realiza ataques aéreos contra alvos no Irã

Governo paquistanês afirmou ter atingido alvos "terroristas" no país vizinho, dois dias após o Irã ter atacado posições no Paquistão. Mídia estatal iraniana relata que pelo menos nove pessoas morreram

Por Deutsche Welle

Paquistão realiza ataques aéreos contra alvos no Irã DW
Paquistão realiza ataques aéreos contra alvos no Irã
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O Paquistão informou que promoveu ataques nesta quinta-feira (18/01) contra grupos insurgentes no Irã, dois dias depois de forças iranianas terem atacado "alvos terroristas" em território paquistanês.

"Nesta manhã, o Paquistão realizou uma série de ataques militares de precisão altamente coordenados e direcionados contra esconderijos terroristas na província de Siestan-o-Baluchistão, no Irã", disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, acrescentando que "vários terroristas foram mortos".

O comunicado faz referência ao grupo de militantes Sarmachars, composto por pessoas de origem paquistanesa e ativo no território iraniano.

A declaração acrescentou: "O Paquistão respeita integralmente a soberania e a integridade territorial da República Islâmica do Irã (...) O único objetivo do ato de hoje foi a busca da própria segurança e do interesse nacional do Paquistão, que é primordial e não pode ser comprometido."

O que o Irã disse

A agência de notícias oficial do Irã, IRNA, relatou explosões na região sudeste do país. "Várias explosões foram ouvidas em diversas áreas ao redor da cidade de Saravan", disse a IRNA, citando uma autoridade da província de Sistan-Baluchistão, onde a cidade está situada.

A mídia iraniana informou que pelo menos nove pessoas morreram. Dessas, três mulheres e quatro crianças teriam sido mortas em uma das explosões, sendo que nenhuma delas tinha nacionalidade iraniana.

A agência de notícias iraniana Mehr disse que várias pessoas também ficaram feridas. Teerã pediu a Islamabad uma explicação sobre os ataques, informou a agência de notícias iraniana Tasnim.

Ataques iranianos contra alvos no Paquistão

Na terça-feira, o Irã disse que havia atacado bases pertencentes ao Jaish al-Adl, um grupo militante sunita no Paquistão.

O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão disse que duas crianças foram mortas no incidente, e condenou os ataques como uma "violação não provocada" de seu espaço aéreo.

Na quarta-feira, o Paquistão convocou seu embaixador no Irã, e impediu que o enviado de Teerã retornasse a Islamabad após os ataques.

Os ataques do Paquistão, de maioria sunita, e do Irã, dominado pelos xiitas, elevaram as tensões com as potências regionais China e Rússia, que pedem que ambos os lados usem de moderação e não deixem que o conflito se amplie.

Na quinta-feira, Pequim disse que estava disposta a atuar na mediação entre o Paquistão e o Irã. "O lado chinês espera sinceramente que os dois lados possam manter a calma e a moderação e evitar uma escalada da tensão", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa. "Também estamos dispostos a desempenhar um papel construtivo na redução da escalada da situação, se os dois lados assim o desejarem."

Mao reiterou que o Irã e o Paquistão são "países amigos da China, e países com grande influência".

Recentemente, o Irã lançou ataques semelhantes também contra a Síria e o Iraque.

Na quarta-feira, os Estados Unidos denunciaram os ataques iranianos no Paquistão, Iraque e Síria, que Teerã alegou terem sido realizados contra "grupos terroristas anti-iranianos".

"Nós condenamos esses ataques. Vimos o Irã violar as fronteiras soberanas de três de seus vizinhos apenas nos últimos dias", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

bl (AFP, Reuters, AP, dpa)

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