Édrian Santos foi abordado na última segunda-feira (19) por dois policiais militares enquanto andava de bicicleta na Avenida Paulista, em São Paulo, e filmou parte do diálogo, criticando os critérios da ação policial. O cilcista e jornalista, que é negro, relata que foi o único parado naquele momento. O vídeo viralizou nas redes sociais (veja abaixo).
Édrian questionou os policiais porque ele era um suspeito. Um dos agentes justificou que pessoas “com bikes boas e bem vestidas” costumam praticar assaltos no local, cartão postal da capital paulista. Indagados se a ação teria relação com a sua cor, os policiais negaram.
“Não tenho nenhum problema em ser abordado, porque não devo nada para ninguém e até colaborei para a parada deles. Mas, ao mesmo tempo, acho que como jornalista e negro, isso me inquietou, porque eu somente tendo tantas pessoas passando de bicicleta ali a todo momento. Em sua maioria, haja visto o bairro, uma localidade de classe média, serem pessoas brancas e não foram abordadas”, questionou, justificando que outros ciclistas circularam naquele trecho e não foram abordados.
Édrian precisou apresentar o IMEI (identificação do celular) e provar que seu aparelho não era roubado. Ele se ofereceu para mostrar a nota fiscal da bicicleta, mas os policiais dispensaram a apresentação. Ele ainda relatou que mais três policiais se juntaram no local para explicar que a abordagem policial foi normal.
Apesar de muito inquieto pelas circunstâncias da abordagem, o jornalista disse que não houve violência ou abordagem abertamente racista por parte dos PMs, mas apontou que o racismo no sistema é estrutural, principalmente no contexto da segurança pública.
“Pedalo praticamente todo dia ali na Avenida Paulista e já vi algumas abordagens de pessoas. Todas as vezes que eu vi, eram pessoas negras, homens negros sendo abordados em bicicletas”, relata.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que a abordagem ocorreu “conforme o padrão” e que não teve relação com características físicas de Édrian.
O jornalista e ciclista lamentou “normalizar” o fato de precisar andar com notas fiscais das coisas de valor, principalmente quando se mudou para São Paulo e passou a viver próximo à região da Paulista. Nas reações às postagens do fato em seu perfil no Twitter, vários usuários disseram que precisavam fazer a mesma coisa.