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PF abre inquérito para apurar se Bolsonaro prevaricou no caso Covaxin

Presidente é suspeito de não ter tomado providências ao ser alertado sobre possíveis irregularidades na compra da vacina indiana

Da Redação, com Jornal da Band e BandNews TV

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação. A apuração foi pedida pela Procuradoria-Geral da República.

Após a abertura do inquérito, a PF terá pelo menos 90 dias para investigar a denúncia de que o presidente soube de um crime e não agiu. A apuração está a cargo do serviço de inquéritos, unidade de elite da PF, que cuida de casos envolvendo políticos com foro privilegiado. Bolsonaro deve prestar depoimento, mas o Supremo ainda não decidiu se ele pode escolher se manifestar apenas por escrito.

A investigação foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. No fim da tarde, o presidente voltou a negar irregularidades.

“A prevaricação se aplica a servidor público, não se aplicaria a mim, mas qualquer denuncia de corrupção eu tomo providência. Até o do Luiz Lima [o presidente quis se referir ao deputado Luis Miranda], mesmo conhecendo toda a vida pregressa dele, a vida atual dele, eu conversei com o [ex-ministro da Saúde] Pazuello”, explicou.

Os delegados estão interessados na cadeia de eventos para saber se houve ou não omissão do presidente. O ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou que, após ter sido alertado por Bolsonaro, encaminhou o caso ao então secretário-executivo Élcio Franco, que não encontrou irregularidades.

O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia protocolado junto ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra Bolsonaro pelo crime de prevaricação. A argumentação do parlamentar é de que o presidente não avisou ao Ministério Público Federal ao saber dos possíveis crime no contrato do governo para a aquisição da vacina Covaxin.

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) diz que alertou o presidente sobre irregularidades em uma nota de importação da vacina. A suspeita é de que Bolsonaro não tenha tomado providências ao ser avisado.

Mais cedo, na saída do Alvorada, Bolsonaro repetiu que não houve pedido de propina na compra de vacinas AstraZeneca, como afirmou o policial e intermediário da Davati Luiz Paulo Dominguetti na comissão. E atacou o comando da comissão.

“Daria em torno de 250 bilhões de reais. Que propininha, hein? Pra um cabo da PM do DF. Quem acredita nisso? Só aqueles três patetas da comissão: Renan [Calheiros], Omar [Azizl] e o 'saltitante' [apelido pejorativo com o qual o presidente se refere a Randolfe Rodrigues]”, disse.

Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, reagiu às críticas em entrevista à Rádio Bandeirantes.

“Bolsonaro, me ofenda, me xingue, faça o que você quiser. Mas tenha amor pelo povo brasileiro. Seja solidário às vítimas que está tendo agora. Enquanto você está chamando a gente de pateta tem, infelizmente, um brasileiro falecendo nesse momento. E não tem uma palavra de carinho sua, não tem uma palavra de amor sua, só tem ódio no seu coração”, apelou Aziz.

Semana da CPI da Pandemia

A comissão ouve nesta terça-feira (13) Emanuele Medrades, responsável pelo contrato da Precisa Medicamentos com o governo. A empresa é a intermediária do acordo de compra da Covaxin, contrato que está suspenso. Ela obteve habeas corpus no STF e poderá ficar em silêncio perante aos senadores.

Ainda nesta semana falam Marcelo Blanco, ex-assessor de logística da Saúde e Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil. A acusação é de que houve pedido de propina para a aquisição de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca.

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