A polícia de São Paulo está investigando atentados contra duas covereadoras transexuais. A suspeita é de crime de ódio.
Carolina Iara e Samara Sosthenes integram a candidatura coletiva Quilombo Periférico, do PSOL, que tem uma das vagas na Câmara Municipal de São Paulo. Em dias diferentes, elas tiveram a casa atingida por disparos de arma de fogo.
“Eu sou acostumada a ser um corpo que foi violentado durante a minha vida toda. Mas eu não imaginava que sofreria também violência política por estar fazendo algo que a sociedade me elegeu para fazer”, disse Samara.
Negra, travesti e portadora do vírus HIV, Carolina Iara acredita que o crime foi motivado por transfobia.
“Esse ataque a mim e às outras parlamentares tem esse recorte transfóbico”, cravou Iara.
O Brasil precisa de políticas públicas urgentes para barrar o assassinato de transexuais e travestis. O alerta faz parte de um dossiê divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais que registrou 175 mulheres trans assassinadas no país em 2020.
O documento mostra que o país segue na liderança do ranking de assassinatos de pessoas trans. Em 2020, houve um aumento de 200% no total de casos na comparação com 2008, quando os dados começaram a ser apurados. Desde então, o Brasil registra uma média anual de 122 assassinatos de travestis e transexuais.