Mato Grosso é o estado com mais cabeças de gado no Brasil. São 31,7 milhões de animais. Tem mais boi por lá do que gente. A pecuária é um dos motores da economia local.
Mas onde tem riqueza, tem o crime. O estado do Centro-Oeste é um dos mais visados pelas quadrilhas de roubo de gado. A última grande operação da Polícia Civil foi em agosto de 2020 e prendeu 24 pessoas. Um esquema que gerou um prejuízo superior a R$ 3 milhões para os pecuaristas. A carne era repassada para açougues clandestinos na região de Cuiabá.
Nas imagens acima, os bandidos se reúnem em um posto de combustível, planejando um dos roubos. Toda ação é feita com violência, rendendo moradores e funcionários das fazendas. Uma interceptação mostra que uma das vítimas tentou reagir e quase foi executada.
Em outro caso, também em Mato Grosso, o que choca é o mau trato com os animais. Os corpos mutilados foram descartados no meio da fazenda.
Em Livramento, no pantanal matogrossensse, os policiais conseguiram recuperar 82 cabeças de gado da raça Nelore. Os bandidos levaram os animais para o município de Poconé. Três pessoas foram presas em flagrante, mas a polícia acredita que a quadrilha tenha várias ramificações.
Quem comete o crime de abigeato, o furto do gado, pode pegar de dois a cinco anos de prisão. Mas na maioria das vezes, o bandido é solto em poucos dias.
A polícia vem investindo na inteligência. Alguns estados, inclusive, já contam com delegacias específicas para apurar crimes rurais.
Em estados como Rio Grande do Sul e Goiás, equipes de agentes trabalham de forma exclusiva nos crimes do campo. Nas estradas gaúchas, por exemplo, a polícia aposta em operações nas estradas para flagrar as quadrilhas. Um trabalho que fica mais difícil porque o perfil do bandido do campo é diferente.
“É uma pessoa que conhece e todas as técnicas de manejo de gado. É uma pessoa que conhece todas as raças é a pessoa que conhece o local”, diz o delegado Pedromar Amaral Augusto.
Quando os grupos têm sucesso nos roubos, o destino do gado cai na mão dos receptadores, que repassam a carne para açougues e frigoríficos clandestinos. O lucro é garantido.
O prejuízo fica com os produtores. Os clientes de açougues e supermercados também são prejudicados. Tudo por causa dos riscos à saúde pública do consumo da carne proveniente do abate clandestino. É o que você vai na reportagem especial do Jornal da Band nesta quinta-feira (4).