O déficit da Polícia Civil paulista atingiu o pior patamar da sua história, ultrapassando a marca de 15 mil policiais a menos nas ruas. É o que aponta o levantamento mensal do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), que começou a ser realizado em outubro de 2017.
De janeiro de 2019 a setembro de 2021, o déficit de policiais civis passou de 13.553 para 15.032 no estado, um saldo negativo de quase 1,5 mil profissionais. O cálculo leva em conta o número de vagas oficiais existentes e quantas delas estão realmente ocupadas.
Presidente do Sindpesp, a delegada Raquel Kobashi Gallinati afirma que tem faltado investimento por parte do estado. Além da falta de funcionários, a categoria reclama do sucateamento das delegacias, viaturas e armamentos. Outra queixa é sobre os salários pagos aos policiais, que estão entre os mais baixos de todo o Brasil.
Na avaliação da delegada, “crimes que poderiam ser evitados antes do primeiro tiro, com uso de inteligência e tecnologia” estão deixando de ser coibidos pela falta de recursos da polícia. “Quem fica desprotegida é a população”, afirma Raquel.
Na última sexta-feira (15), lideranças de policiais civis, militares e científicos realizaram protesto em frente ao batalhão da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na região central da capital paulista. Os manifestantes levaram cartazes com críticas ao governo do estado e apresentaram reivindicações por melhorias nos salários e nas condições de trabalho. A categoria promete realizar mais mobilizações na capital e também em cidades do litoral e do interior nos próximas semanas.
“Sem um investimento consistente e urgente, a Polícia Civil de São Paulo entrará em colapso”, afirmou a presidente do Sindpesp.
Secretaria de Segurança diz ter feito 10 mil contratações
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse ao Metro Jornal que “investe continuamente na valorização e melhoria da carreira policial” e que reajustou em 5% o piso salarial. Entre outros benefícios, a pasta disse que ampliou a bonificação por resultados, que agora é paga por bimestre. Os atrasos, porém, são constantes. O bônus referente aos meses de maio e junho do ano passado só foram quitados no último mês de agosto – 14 meses depois.
Sobre o efetivo, a SSP disse ter contratado mais de 10 mil policiais desde 2019 e que quase 4,3 mil profissionais estão concluindo o processo de formação para em breve entrar em serviço. O estado também autorizou novos concursos para a contratação de 8,3 mil pessoas para as polícias Civil, Militar e Técnico-Científica.
*supervisão de André Vieira