Políticos criticam troca de patrocínio da seleção alemã

Anúncio de que americana Nike substituirá alemã Adidas após mais de 70 anos de parceria repercute mal entre membros do governo da Alemanha. Ministro da Economia e vice-chanceler lamenta falta de "patriotismo".

Por Deutsche Welle

O anúncio da troca de patrocinador da seleção nacional de futebol da Alemanha, da alemã Adidas para a americana Nike, gerou críticas de membros do governo da Alemanha.

"Eu teria apreciado um pouco mais de patriotismo local", lamentou nesta sexta-feira (22/03) o ministro da Economia e vice-chanceler federal alemão, Robert Habeck, ao comentar o negócio.

Na quinta-feira, a Federação Alemã de Futebol (DFB) anunciou que deixará de ser patrocinada pela Adidas, pondo fim a uma parceria de mais de sete décadas, e passará a usar uniformes, chuteiras e outros itens esportivos fornecidos pela Nike.

O acordo de patrocínio com a Nike terá início em 2027 e se estenderá até pelo menos 2034, disse a DFB em comunicado.

Acordo milionário

Com o novo acordo, a seleção alemã para o ranking dos times de futebol mais bem pagos do mundo. De acordo com o jornal Handelsblatt, a Adidas vai pagar à DFB cerca de 100 milhões de euros por ano, ou um total de mais de 800 milhões pelos 8 anos de contrato – frente aos cerca de 50 milhões de euros anuais oferecidos pela Adidas, conforme o diário. Em comparação: o Real Madrid supostamente recebe da Adidas 120 milhões de euros por temporada e o Barcelona, 105 milhões de euros da Nike.

O anúncio ocorre menos de três meses antes do início da Eurocopa masculina de 2024 na Alemanha (14 de junho a 14 de julho).

"Quase não consigo imaginar uma camisa da seleção alemã sem as três listras" da marca alemã Adidas, reagiu Habeck. "Para mim, Adidas e preto-vermelho-amarelo", as cores da bandeira alemã, "sempre foram inseparáveis ", acrescentou o político do Partido Verde.

"Decisão errada"

O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, um social-democrata, também expressou sua decepção. Classificando em sua conta no X como "uma decisão errada" a escolha de uma empresa americana para vestir a 'Mannschaft', lamentando que "o comércio destrua uma tradição e um pedaço da pátria".

"O futebol alemão sempre fez parte da história econômica da Alemanha. A equipe nacional joga com as três listras – isso era tão claro quanto dizer que a bola é redonda e que uma partida dura 90 minutos", afirmou Markus Soder, governador do estado da Baviera, no sul da Alemanha, onde fica a sede da Adidas.

md (AFP, SID)

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