O governo da Polônia decidiu enviar um contingente de mil soldados para a fronteira do país com Belarus, após um pedido da Guarda de Fronteiras, informou nesta terça-feira (08/08) a agência estatal de notícias PAP.
A medida se fez necessária em razão de um aumento das travessias ilegais de fronteira que teriam o auxílio de patrulhas belarussas, e após mercenários do grupo Wagner serem vistos na região.
O ministro polonês da Defesa afirmou que o envio dos soldados foi decidido "devido à situação dinâmica na fronteira" e confirmou o pedido de reforço. Atualmente, em torno de 2 mil soldados poloneses estão na região, dando apoio a cerca de 5 mil guardas de fronteira.
O vice-ministro polonês do Interior, Maceij Wasik, disse que a pressão migratória na fronteira com Belarus vem aumentando, e que as travessias estariam sendo organizadas pelos guardas belarussos, sem os quais, segundo disse, isso não seria possível.
Wasik acusa os serviços belarussos de danificarem as cercas e permitir a passagem dos migrantes. Ele diz que as agressões contra os guardas, soldados e policiais poloneses vêm aumentando.
Garrafas, pedras e galhos de árvores já foram arremessados contra os agentes. Em um incidente em junho, um objeto que, segundo especulações, teria sido atirado de uma arma pneumática perfurou a janela de uma viatura dos guardas de fronteira.
Porta de entrada para União Europeia
Nesta segunda-feira, o chefe da Guarda de Fronteiras da Polônia, Tomasz Praga, acusou o serviço secreto belarusso de ter se tornado "um grupo criminoso que está arquitetando a imigração ilegal".
Praga disse que 19 mil migrantes já tentaram entrar na Polônia a partir de Belarus em 2023, o que marca um aumento significativo se comparado ao total do ano anterior, quando foram registradas 16 mil tentativas. Durante a crise migratória iniciada em 2012, dezenas de milhares de migrantes tentaram entrar no país através do território belarusso.
Os migrantes que tentam entrar na Polônia, o que na prática, significa entrar na União Europeia (UE), são oriundos de países como Afeganistão, Argélia, Bangladesh, Sri Lanka e Síria. Após a crise de 2012, o governo polonês ergueu uma cerca de 5,5 metros de altura em algumas partes de sua fronteira com Belarus.
Presença do grupo Wagner agrava tensões
Mercenários do grupo Wagner, a milícia paramilitar russa que atua na Ucrânia e em vários outros países, teriam sido vistos na fronteira nas últimas semanas, o que levou também levou a Lituânia a reforçar a segurança nos limites de seus território com Belarus.
Os combatentes do Wagner chegaram há algumas semanas ao país aliado de Moscou, como parte de um acordo que pôs fim a uma rebelião iniciada pelo grupo em junho, o que permitiu que seu líder, Yevgeny Prigozhin, pudesse escapar de processos criminais.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse que a finalidade da chegada do Wagner a Belarus seria desestabilizar a situação na frente Leste da Otan. Os líderes da Lituânia e da Polônia disseram que aguardavam provocações tanto da Rússia quanto de Belarus.
O governo belarusso realizou manobras militares na região de Grodno, próximo à chamada falha de Suwalki, uma faixa de terra pouco povoada que cobre 96 quilômetros da fronteira entre a Polônia e a Lituânia.
A região conecta três países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – ao restante das nações aliadas da Otan e separa Belarus do enclave russo de Kaliningrado, no Mar Báltico.
rc (AP, DW)