
O primeiro caso de Covid-19 no Brasil completa 5 anos nesta quarta-feira (26). Foi neste dia que o Ministério da Saúde confirmou que a doença estava em território nacional, após confirmar a doença em um homem que veio da Itália e havia dado entrada no Hospital Albert Einstein com sintomas do coronavírus.
De fevereiro de 2020 para os dias atuais, o Ministério da Saúde já confirmou mais de 39 milhões de casos e 715 mil mortes pela Covid-19. A Band preparou uma linha do tempo do coronavírus no Brasil e os efeitos da pandemia no país, que terminou apenas em 5 de maio de 2023, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Antes do primeiro caso, o alerta de 'perigo iminente'
Em 28 de janeiro de 2020, com os primeiros casos e a crise da Covid-19 na China e em países da Europa, o Brasil já tinha registrado suspeitos da doença. Com o alto fluxo de pessoas entre esses países, o Ministério da Saúde considerava o Brasil em perigo iminente para o coronavírus.
Repatriação dos brasileiros em Wuhan
Nos primeiros dias de fevereiro de 2020, o Brasil trouxe brasileiros que desejavam se repatriar de Wuhan, na China. A cidade era o epicentro da Covid-19 na época e a Força Aérea Brasileira os trouxe para o Brasil, colocando-os em quarentena.
Primeiro caso confirmado e alerta
O primeiro caso de Covid-19 no Brasil era de um homem, de 61 anos, morador de São Paulo. Ele havia chego da Lombardia, norte da Itália, país que já passava por uma crise epidemiológica desde dezembro de 2019.
O Brasil ainda não tinha registrado casos ou cogitado entrar em uma quarentena, como a China e outros países da Europa. À época, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, colocou o governo em alerta e começou a rastrear pessoas que tiveram contato com o paciente.
Isolamento social e alta de casos
Em 22 de março de 2020, São Paulo foi o primeiro estado a decretar isolamento social para tentar conter a alta de casos de Covid-19. Inicialmente, a ideia era manter a quarentena por 15 dias. Apenas serviços essenciais tinham permissão para estarem abertos. À época, o número de mortes havia chegado a 15.
'Gripezinha', 'histórico de atleta' e polêmica
Em 24 de março, em meio ao isolamento social e às medidas restritivas para frear o coronavírus, Bolsonaro foi à rede de rádio e televisão afirmar que a Covid-19 não passava de uma “gripezinha” e não iria se preocupar, pelo “histórico de atleta”. Ele afirmava que havia pânico e histeria no Brasil, mas chegou a negar que falou em ‘gripezinha’.
Primeira demissão do ministro da Saúde
No começo de abril, o ministro Luiz Henrique Mandetta foi demitido após rusgas com o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto Mandetta era favorável às políticas de isolamento social, o presidente desafiava o protocolo de saúde imposto pelo chefe da pasta.
Além disso, os dois divergiam sobre o uso de cloroquina para tratar a doença. No lugar de Mandetta, Bolsonaro anunciou o oncologista Nelson Teich, que era mais alinhado às ideias do presidente.
10 mil mortes por Covid-19
Em 9 de maio de 2020, o Brasil chegou ao marco de 10 mil mortes, menos de três meses após o primeiro registro da Covid-19 no país. Quase 156 mil casos haviam sido confirmados.
Nelson Teich sai, Pazuello entra no Ministério da Saúde
Menos de um mês após assumir o cargo de ministro, Nelson Teich se demitiu. Ele foi substituído pelo general do Exército Eduardo Pazuello. Teich também defendia o distanciamento social e o uso prudente de cloroquina, com restrições.
Pazuello também defendia o tratamento precoce de Covid-19 e a autonomia de estados e municípios na adoção de políticas de isolamento social. Com ele no cargo, orientava o uso precoce da cloroquina para tratamentos, inclusive casos leves.
Brasil chega a 100 mil mortes por Covid-19
Em oito de agosto de 2020, o Brasil chegou ao marco de 100 mil mortes no país e quase 3 milhões de infectados. Boa parte do país ainda vivia em isolamento social ou lockdown.
CoronaVac e brigas com João Doria
Em outubro, o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a parceira do Instituto Butantan com o laboratório Sinovac, da China, para produzir a Coronavac, vacina contra a Covid-19.
O governo estadual buscava um acordo com o Ministério da Saúde para que o imunizante fosse distribuído pelo SUS, mas os embates entre Doria e Bolsonaro minguaram a colaboração.
O início da produção da CoronaVac começou em dezembro de 2020, anunciada pelo então governador.
'Vai virar jacaré'
No fim de 2020, Jair Bolsonaro questionava a eficácia e efeitos colaterais das vacinas que eram produzidas em todo o mundo para combater a Covid-19. Farmacêuticas como a Pfizer procuravam o governo federal para distribuir a vacina no país, mas Bolsonaro afirmava que não se responsabilizava pelos efeitos colaterais.
"Se você virar um jacaré, é problema de você, pô. Se você virar um super homem, se nascer barba em alguma mulher ou algum homem começar a falar fino, eles não têm nada a ver com isso", disse o presidente.
200 mil mortos por Covid-19
Apesar de uma ligeira queda de casos e de uma flexibilização das regras sanitárias, na primeira semana de janeiro de 2021, o Brasil ultrapassou os 200 mil mortos por Covid-19. O país registrava morte diária de 740 pessoas por dia.
Crise da Covid-19 em Manaus
Os casos do coronavírus aumentaram drasticamente em Manaus, capital do Amazonas, em janeiro de 2021. Hospitais da cidade ficaram sem oxigênio, pacientes precisaram ser transferidos e a capital decretou toque de recolher. Famosos chegaram a enviar cilindros de oxigênio para a cidade, enquanto o governo federal era acusado de ser omisso com a escassez de insumos para tratar a doença.
Primeira aplicação de vacina contra Covid-19
Em 17 de janeiro de 2021, a brasileira Mônica Calazans foi a primeira a receber um imunizante contra a Covid-19. Ela recebeu a dose da CoronaVac, desenvolvida em colaboração do Instituto Butantan e a Sinovac. Diabética, obesa e hipertensa, ela recebeu a dose pelas comorbidades e por trabalhar na UTI do Hospital Emílio Ribas.
250 mil mortes por Covid-19
Em fevereiro de 2021, o Brasil passou pela segunda fase mais intensa da Covid-19. O país chegou ao marco de 250 mil mortes da doença horas antes de completar 1 ano do primeiro caso no país. Na época, o país chegou a registrar 2 mil mortes por dia.
Eduardo Pazuello sai, Marcelo Queiroga entra no Ministério da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, o médico Marcelo Queiroga foi escolhido como substituto do general Eduardo Pazuello, em 15 de março de 2021. A saída ocorreu em meio à pressão de deputados da base aliada e do Centrão, que discordavam da política sanitária de Bolsonaro.
Marcelo Queiroga defendia o isolamento social para combater a pandemia e era contrário ao tratamento com cloroquina. A troca tinha o objetivo de acelerar a vacinação em todo o território nacional.
300 mil mortes por Covid-19
Em 24 de março de 2021, o Brasil atingiu o marco de 300 mil mortes desde o começo da pandemia, com 12 milhões de casos. Neste período, o Brasil chegou a atingir as 3 mil mortes diárias pela Covid-19 e era o país com maior número diário de mortes desde 5 de março, em todo o mundo.
CPI da Covid-19
Com a pandemia atingindo recordes a cada dia, o Senado Federal instaurou em 27 de abril de 2021 a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, para discutir as ações do governo federal para o enfrentamento da pandemia. Ministros, autoridades, ex-ministros e executivos de empresas de saúde foram ouvidos.
400 mil mortes por Covid-19
Em 29 de abril, o Brasil atingiu a marca dos 400 mil mortos pela Covid-19. Os casos chegaram a 14 milhões e com a marca de 3 mil mortes diárias. A vacinação ainda era lenta e os casos não paravam de aumentar.
500 mil mortes por Covid-19
Em 19 de junho o Brasil alcançou a marca de meio milhão de mortos pela Covid-19. O número equivale a 166 atentados de 11 de setembro nos EUA, 1.851 tragédias de Brumadinho ou 2.066 incêndios da Boate Kiss.
O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, falou em incompetência do país no combate a doença. "É um triste número. É uma marca que nós atingimos e tínhamos a obrigação de mudar essa história. Essa marca mostra a nossa incompetência. A incompetência de um país", lamentou.
Avanço da vacina
Em julho de 2021, um alento para os brasileiros: com a vacinação, o Brasil registrou queda de 40% das mortes por Covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, na época, 96 milhões de brasileiros já haviam recebido ao menos uma dose da vacina.
Em meio à vacinação com doses da Pfizer, AstraZeneca, CoronaVac e Janssen, o governo federal era investigado pela CPI pela compra e importação da vacina indiana Covaxin. A Anvisa proibiu a importação e alegou adulteração de documentos e a Polícia Federal investigava corrupção na compra de doses.
Bolsonaro associa vacina da Covid-19 a Aids
Em outubro, Jair Bolsonaro fez uma associação falsa entre a vacinação da Covid-19 ao HIV, vírus que causa a Aids. Em uma live no canal dele, o então presidente citou um falso relatório do Reino Unido, afirmando que quem tomava a segunda dose da vacina, desenvolvia a Aids.
CPI da Pandemia termina com sugestão de indiciamento de 66 pessoas
O relatório final da CPI da Pandemia de Covid-19 sugeriu indiciar 66 pessoas e as empresas Precisa Comercialização de Medicamentos e VTC Operadora Logística pelos crimes de ato lesivo à administração pública.
O senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI, afirmou que Jair Bolsonaro era o "o principal responsável pelos erros de governo” na condução das condições sanitárias do país diante da pandemia.
600 mil mortes por Covid-19
Em 8 de outubro de 2021, o Brasil atingiu a marca de 600 mil mortes por Covid-19. O país já havia marcado quase 22 milhões de casos da doença. Apesar do marco, o Brasil vivia um alívio com a desaceleração de mortes, devido à vacinação.
80% da população vacinada
Após queda de casos, o início da vacinação em crianças e a terceira dose para idosos, o Brasil registrou o marco de 80% da população vacinada com pelo menos uma dose da vacina em 28 de dezembro de 2021, algo em torno de 172 milhões de pessoas acima dos 12 anos com as duas doses da vacina contra a Covid-19.
É a partir de dezembro também que o Brasil começa a fazer a transição para a abertura gradual de locais não essenciais. Em aeroportos, o comprovante de vacina era obrigatório, mas com visita livre. Escolas e unidades educacionais mantinham o distanciamento social.
Em 2024, o número de brasileiros com as duas doses chegava a 88%.
Abertura gradual, Carnaval cancelado e restrições para eventos com aglomeração
Com a queda de casos e mortes no Brasil, muitos estados fizeram a reabertura gradual dos eventos sociais. Apesar disso, São Paulo e Rio de Janeiro cancelaram o Carnaval de rua e restringiram eventos com aglomeração, como festas e shows.
1ª criança vacinada contra Covid-19 no Brasil
Em 14 de janeiro de 2022, Davi Seremramiwe Xavante foi a primeira criança a receber uma dose do imunizante contra Covid-19 no Brasil. O indígena de 8 anos se tornou o marco da vacinação da faixa etária de 5 a 11 anos contra o coronavírus, em evento acompanhado pelo governador João Doria (PSDB).
Fim da emergência nacional por Covid-19
Em 22 de abril de 2022, o governo federal decretou o fim do estado de emergência da Covid-19. A decisão flexibilizou o uso de máscaras, vetou a compra de insumos sem licitação e a transição para a volta da vida normal.
700 mil mortes por Covid-19
Em 28 de março de 2023, o Brasil atingiu o marco de 700 mil brasileiros mortos pela Covid-19. A chegada ao patamar ocorreu 3 anos após a primeira morte confirmada pela doença no país, em 12 de março de 2020. E um ano e cinco meses após o registro de 600 mil mortos.
Fim da obrigação de uso de máscaras
Em março de 2023, São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados anunciaram o fim da obrigatoriedade de máscara em locais abertos. A pandemia chegou a se estabilizar e a vacinação em alta.
Fim da emergência global de Covid-19
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 5 de maio de 2023 o fim da emergência global de Covid-19. Para mudar o status, a OMS entendeu que há evidências de que houve redução dos riscos à saúde humana, impulsionada, sobretudo, pela vacinação em massa. Segundo a entidade, 13,3 bilhões de doses foram aplicadas em todo o mundo.