Primeiro Jornal

3º suspeito de assassinato de chefão do PCC é preso no Aeroporto de Guarulhos

Acusado de contratar assassinos de Anselmo "Cara Preta", agente penitenciário foi detido enquanto desembarcava

Por Igor Calian

Foi preso na tarde do último domingo (21), em Guarulhos (SP), um dos acusados de contratar os assassinos de Anselmo Becheli Santa Fausta, líder da facção criminosa PCC conhecido como "Cara Preta". O agente penitenciário David Moreira da Silva, de 38 anos, foi detido enquanto desembarcava de uma aeronave que vinha do Recife no aeroporto de Cumbica, em São Paulo.

A polícia investiga agora detalhes da participação do agente penitenciário no crime. Até o momento, ele é apontado como a pessoa que contratou os homens que realizaram os disparos a mando dos empresários Pablo Henrique Borges, do qual atuava como segurança, e Vinícius Gritzbach.

David era lotado no CDP3 de Pinheiros e estava de licença. A polícia suspeita que ele recebeu R$ 100 mil de uma quadrilha para contratar a dupla de assassinos que efetuou os disparos. 

O agente foi levado para a carceragem do 8º Distrito Policial, no Brás, e deve ser conduzido nesta segunda (21) para o DHPP para prestar depoimento. Ele estava foragido desde o início de fevereiro, quando teve a prisão decretada em meio às investigações do caso.

Em entrevista ao Brasil Urgente, o advogado de David disse que seu cliente decidiu se entregar para provar sua inocência. Ele alega que o agente trabalhou para Pablo até dezembro de 2020, e que não teve mais contato com ele desde então.

O crime

Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento que o carro de "Cara Preta" e seu comparsa Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, foi atingido por diversos disparos de arma de fogo no final de dezembro do ano passado no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Logo em seguida, a dupla responsável pelos tiros fugiu.

Para a polícia, David é investigado por ser a ponte entre os mandantes e os assassinos. Ele teria recebido sua parte do pagamento e pago R$ 200 para a dupla executar o crime. 

Dois suspeitos de serem mandantes do crime já haviam sido presos. São eles os empresários Pablo Henrique Borges e Vinícius Gritzbach. O primeiro, apontado também como um hacker, foi detido em uma ilha particular em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Já o segundo está em uma cadeia pública de São Paulo, mas longe da facção, que domina os presídios paulistas, já que possui ensino superior.

Vídeo: Dívida de R$ 100 milhões seria motivação do crime

A investigação do DHPP aponta que os empresários chegaram a lavar cerca de R$ 2 bilhões para o PCC em imóveis e criptomoedas. Mas, por algum motivo que a polícia ainda não conhece, “Cara Preta” exigiu a devolução de US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 100 milhões) e fez ameaças. Este teria sido o motivo da execução do megatraficante.

A investigação do caso é dividia entre o DHPP, que investiga as mortes, e do Deic, que investiga a lavagem de dinheiro, já que a quadrilha movimenta quantias bilionárias.

Dos cinco suspeitos com prisão decretada pela Justiça, três também são investidores do mercado financeiro, empresários de vários ramos, envolvidos com lavagem de dinheiro do PCC e de outros criminosos, alguns usando inclusive criptomoedas, segundo a investigação. São eles Robinson Moura, Rafael Maeda, o “Japa”, e Danilo Lima. Todos seguem foragidos.

Os outros três empresários envolvidos na trama chegaram depois da morte de Cara Preta, eram amigos e tinham negócios com o traficante. Eles teriam ligação com a morte do atirador e de outro empresário, Claudio Marcos de Almeida, de 50 anos, conhecido como “Django”.

O empresário de futebol Danilo Lima, conhecido como “Tripa”, é um dos empresários foragidos. Segundo as investigações, ele tinha negócios com Anselmo Santa Fausta e também com Pablo.

A morte de Cara Preta, no fim de dezembro de 2021, desencadeou uma série de outros crimes. Semanas após a execução, dois corpos foram encontrados decapitados ao lado de bilhetes que sugeriam um acerto de contas pela morte do chefe do PCC. O suposto executor teria sido morto pelo próprio crime organizado. Identificado como Noé Alves Schaun, ele foi decapitado, e sua cabeça foi deixada em uma praça do bairro do Tatuapé. O agente penitenciário admitiu conhecer Noé, já que cresceram juntos em Guaianazes, mas que não mantinham contato desde que o colega foi para o mundo do crime.

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