PMs dizem que mototaxista morto em ação no Rio estava armado; testemunhas negam

Suposta arma em posse de Edvaldo Viana foi roubada no local, segundo policiais; dois homens foram mortos na Cidade de Deus

Da Redação, com BandNews FM Rio

Os policiais militares envolvidos na ação que terminou com a morte de um mototaxista e de um passageiro que estava na garupa em um dos acessos à Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, na última terça-feira (18), disseram à Polícia Civil que o condutor estava armado. 

Os PMs afirmaram que faziam patrulhamento quando a moto saiu de um local conhecido como Tijolinho e o motorista pegou a arma para atirar contra os policiais. As informações são de Gabriela Morgado e Ryan Lobo, da BandNews FM Rio.

Aos investigadores, os agentes disseram que revidaram, mas foram alvo de disparos de criminosos do local, se protegeram e pediram reforço.  Depois, teriam encontrado os homens feridos.  

Ainda de acordo com os depoimentos, a arma que estaria com Edvaldo Viana, de 41 anos, não foi apreendida porque foi furtada por usuários de drogas que estavam em volta deles. 

Mas, de acordo com testemunhas e familiares do mototaxista Edvaldo, ele foi baleado pelos agentes durante uma abordagem embaixo do viaduto que dá acesso à Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade. 

Ele era morador da comunidade Gardênia Azul, na mesma região. Segundo os parentes, Edvaldo faria a última viagem e iria para casa em seguida. O mototaxista teria parado após a abordagem, mas ele e o passageiro foram atingidos e morreram. Ainda não há informações sobre a identificação do segundo homem morto. 

A viúva de Edvaldo, Miriam dos Santos, diz que ele estava com a documentação em dia, mas que os documentos sequer foram solicitados pelos PMs. 

O enteado do mototaxista, Paulo Henrique, disse que ao questionar os policiais sobre a ação, os agentes disseram que "os gansos" já tinham sido levados para o hospital. A expressão é usada por agentes para se referir a bandidos. 

Ainda de acordo com a família, Edvaldo foi atingido no ombro por um tiro de fuzil. A cápsula foi guardada pelos familiares, que alegam que ele também trabalhava entregando quentinhas. 

Um vídeo mostra o momento em que um corpo é arrastado e colocado em uma viatura da PM. Os policiais são acusados de desfazer a cena do crime.

 As vítimas foram levadas para o Hospital Federal Cardoso Fontes. Segundo a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio, os dois já chegaram mortos ao hospital. 

O laudo realizado pela Polícia Civil confirmou a morte de Edvaldo por ferimento no tórax por arma de fogo, com hemorragia interna. 

O corpo de Edvaldo Viana deve ser levado para Maceió, capital de Alagoas, terra natal do mototaxista. 

Logo após o ocorrido, moradores da Cidade de Deus fecharam as ruas da região para protestar. Nesta quarta-feira (19), mototaxistas também fizeram uma manifestação pacífica, na mesma região. 

No mesmo local das mortes, um outro motociclista, o instalador de mármores Marcelo Guimarães, foi morto a tiros, em janeiro, durante uma ação da Polícia Militar. 

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. A Corregedoria da PM também apura a ação. 

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