Primeiro Jornal

Um em cada sete adolescentes diz que já foi vítima de violência sexual, revela pesquisa

Levantamento releva que quase 15% dos adolescentes entrevistados, entre 13 e 17 anos, afirmaram ter sofrido algum tipo de violência sexual uma vez na vida

Igor Calian, no 1º Jornal

O cenário da violência sexual contra adolescentes no Brasil é grave. De acordo com uma pesquisa, um a cada sete adolescentes assumiu ter sido vítima de crimes sexuais.

O levantamento divulgado recentemente ajuda a ilustrar como os adolescentes estão vulneráveis em relação ao abuso sexual. Foram entrevistados mais de 100 mil estudantes, entre 13 a 17 anos, e quase 15% afirmaram ter sofrido algum tipo de violência sexual pelo menos uma vez na vida.

A reportagem ouviu um garoto de 16 anos que não será identificado e tinha o sonho de se tornar jogador de futebol. Na escolinha onde treinava ele percebeu algo estranho. “A conversa era que ele me pedia a foto. ‘Vou por crédito [no celular] para você se me mandar uma foto’. Ele falava para mim ‘vou por você em um clube, vou te levar para um estádio, para conhecer os jogadores’. Ele me dava bolsa e me dava sempre presentes” contou. 

Foram vários abusos, até que ele criou coragem e tomou uma decisão importante: contou o que estava acontecendo a um professor do projeto. “Afetou muito a nossa família e ele. Hoje ele não é mais a mesma pessoa. Ele estava sempre nervoso, ele que sempre foi carinho do nada começou a ficar violento”, disse a mãe do garoto.

“Por isso que é tão importante os pais nesse processo porque eles quem vão ensinar tanto os adolescentes quanto as crianças a reconhecer os limites que estão sendo ultrapassados. Pesquise e procure profissionais de saúde mental”, indica o psiquiatra Victor Brandão. 

Um toque, um beijo, uma manipulação ou qualquer exposição de partes do corpo contra a vontade da pessoa, configura violência sexual. A principal ferramenta para combater os assediadores é denunciar.

“Se o abuso ocorreu no ambiente doméstico ele tem que procurar tios, ou os avós e até mesmo os professores na escola e partir de aí ir até o Conselho Tutelar juntamente com o adulto de confiança para dar início ao processo de apuração”, explica Ariel de Castro Alves, do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. 

A família do menino ouvido pela reportagem está processando o suspeito. “Eu tenho fé em Deus que ele vai pagar por tudo que fez. Eu tenho certeza que não foi só com meu filho”, afirmou a mãe do garoto. “Denuncie. Isso é muito errado e eu não desejo a ninguém passar o que eu passei”, disse o adolescente.