Promotores indiciam suspeito de planejar golpe de Estado na Alemanha

Apoiador de grupo afiliado ao movimento extremista "Reichbürger" planejou viagem à Rússia para pedir apoio de Vladimir Putin à tentativa de subverter ordem democrática e impor Constituição do antigo Império alemão.

Por Deutsche Welle

Promotores em Hamburgo anunciaram nesta segunda-feira (08/04) o indiciamento de um homem de 66 anos acusado de apoiar uma organização terrorista e de auxiliar na preparação de um ato de alta traição em conexão com uma suposta tentativa de derrubar o governo democrático da Alemanha.

O homem é acusado de apoiar desde 2022 uma organização chamada Kaiserreichsgruppe ("Grupo do Império Alemão", em tradução literal), que defende a subversão da ordem democrática vigente na República Federativa da Alemanha em favor de um regime autoritário com base na Constituição do Império alemão de 1871.

Os membros do grupo – uma ramificação do movimento extremista Reichsbürger ("Cidadãos do Império Alemão") – teriam supostamente planejado uma viagem de barco até águas territoriais da Rússia no intuito de pedir apoio militar e político ao presidente russo, Vladimir Putin, visando a fundação de um novo Estado alemão, segundo informações do Ministério Público de Hamburgo.

O suspeito teria organizado vários grupos no aplicativo de mensagens Telegram com base no tema da restauração da Constituição Imperial de 1871. O homem, que teria participado de diversos encontros com outros apoiadores, também vai responder por posse ilegal de arma de fogo e de mais de 100 rodadas de munição.

Se condenado, ele poderá receber pena de até dez anos de prisão.

Quem são os Reichsbürger?

O movimento Reichsbürger rejeita a Constituição alemã do pós-guerra e interpreta a Alemanha atual como uma construção artificial imposta pelos países aliados após a Segunda Guerra Mundial.

O plano dos Reichsbürger para derrubar o governo alemão veio à tona em dezembro de 2022, quando a polícia prendeu 25 de um total de 52 suspeitos de conspiração. Na ocasião, foram presos um aristocrata – apontado como o principal líder do grupo –, um ex-militar – acusado de ser o comandante militar do complô – e uma juíza e ex-deputada de ultradireita, entre outros.

O grupo teria planejado, entre outras ações, invadir o Bundestag (Parlamento alemão), atacar o fornecimento de energia do país e depor o governo federal para que pudesse assumir o poder. Havia até mesmo planos para que certos indivíduos assumissem o controle de importantes cargos ministeriais para o momento da "tomada de poder".

Nove pessoas acusadas de conspiração começarão a ser julgadas em 21 de maio em um tribunal de Frankfurt.

Autoridades em alerta

Nos últimos anos, o número cada vez maior de membros do Reichsbürger tem alarmado as autoridades de segurança alemãs. O Departamento para a Proteção da Constituição da Alemanha estima que o movimento contava com cerca de 23 mil seguidores em 2022, sendo que, em 2021, eram 21 mil. Cerca de 2,3 mil membros são considerados como dispostos a cometer atos de violência.

Mais de 400 policiais estaduais alemães estão sendo investigados por atitudes extremistas de direita ou crenças em teorias conspiratórias, segundo uma reportagem publicada na revista alemã Stern, na semana passada.

O número real de policiais sob investigação pode ser ainda maior, já que quatro dos 16 estados alemães – Berlim, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Bremen e Turíngia – não forneceram dados atualizados sobre essas investigações.

rc (dpa, AFP)

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