Até a tarde desta sexta-feira (06/10), o serviço de socorro marítimo da Espanha registrava a chegada, ao arquipélago das Canárias, num prazo de apenas 24 horas, de dez barcos com 881 migrantes africanos a bordo. Segundo a instituição, essa rota migratória no Oceano Atlântico é uma das mais perigosas do mundo.
O afluxo migratório coincide com uma cúpula informal dos líderes europeus em Granada, no sul de Espanha. Um dos temas principais é, justamente, a migração, na sequência da recente chegada de milhares em fuga à pequena ilha italiana de Lampedusa.
Segundo uma porta-voz do serviço de resgate espanhol, quatro barcos com 441 passageiros aportaram na ilha de El Hierro, a mais ocidental das Canárias, e outros dois desembarcaram em Tenerife, enquanto um último chegou a Gran Canária. Os migrantes, originários da África subsaariana, foram entregues às autoridades.
Nas últimas semanas, estas têm sido confrontadas com um aumento significativo de chegadas ao arquipélago localizado cerca de 100 quilômetros ao largo da costa noroeste do continente africano. Na terça-feira, 280 migrantes chegaram a El Hierro a bordo de um único barco – o desembarque do maior número de passageiros num único barco já registrado no arquipélago. No fim de setembro, mais de 1.200 migrantes haviam aportado na pequena ilha de 11 mil habitantes.
EU acorda sobre regulamento migratório – apesar de Polônia e Hungria
Segundo um correspondente da agência de notícias AFP, presente no local, durante a madrugada desta sexta-feira as autoridades espanholas transferiram cerca de 500 migrantes de El Hierro, cujas autoridades estão sobrecarregadas, para Tenerife.
Nos últimos anos, a rota migratória para as Canárias tem estado particularmente movimentada, devido ao reforço dos controles no Mar Mediterrâneo. A travessia é excepcionalmente perigosa, e os naufrágios são frequentes. De acordo com os últimos números do Ministério do Interior espanhol, as Canárias receberam 14.976 migrantes entre 1º de janeiro e 30 de setembro, um aumento de quase 20% em relação ao mesmo período de 2022.
ONGs relatam regularmente naufrágios mortais em águas marroquinas, espanholas ou internacionais, cujo número não oficial de vítimas ascende a dezenas ou mesmo centenas.
Na quarta-feira, os embaixadores dos países da União Europeia reunidos em Granada chegaram a acordo sobre um regulamento fundamental para a reforma migratória europeia.
Ficou estabelecido um mecanismo de solidariedade obrigatório entre os Estados-membros, no caso de um deles ser confrontado com chegadas "em massa" de migrantes, como ocorrido recentemente na Itália. A Polônia e a Hungria votaram contra, enquanto Áustria, Eslováquia e República Tcheca se abstiveram.
av (AFP,Reuters,Lusa,DPA)