Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, negou em publicações nas redes sociais nesta sexta-feira (12) a utilização do software FirstMile de forma irregular.
A declaração do político foi feita um dia depois da quarta fase da operação Última Milha da Polícia Federal, que prendeu suspeitos de integrarem a chamada “Abin paralela”.
Segundo Ramagem, o sistema FirstMile é usado por outras 30 instituições. “A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, escreveu.
O parlamentar pontua que “hão há interferência ou influência” em processos vinculados ao senador Flávio Bolsonaro e declarou que a demanda.
Quem é Alexandre Ramagem
Alexandre Ramagem é um delegado e político filiado ao PL. Foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro e atualmente é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
Graduado em direito pela PUC do Rio de Janeiro, ingressou naPolícia Federal em 2005. Atuou na coordenação de eventos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.
Ramagem chefiou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro após a vitória do candidato no 2º turno das eleições de 2018. Em março de 2019, foi nomeado assessor da Secretaria de Governo, função na qual permaneceu até junho daquele ano e foi para a direção da Abin.
No cargo, entre outras atribuições, Alexandre era responsável por coordenar as atividades de inteligência no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência e assistir o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a agência é vinculada.
Em 2020, Bolsonaro demitiu o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, decisão que gerou a crise no governo e o pedido de exoneração do então ministro da Justiça, Sergio Moro. O então presidente nomeou ramagem para o cargo em abril daquele ano, mas foi barrado pelo Supremo. Na sequência, foi escolhido para chefiar a Abin.
Alexandre Ramagem se manteve na direção da Abin até abril de 2022, quando se exonerou para se candidatar, pela primeira vez, a um cargo legislativo. Em outubro de 2022, ele foi eleito deputado federal, pelo PL, com 59 170 votos.
Em janeiro, a Polícia Federal acusou o deputado federal Alexandre Ramagem - aliado e amigo da família Bolsonaro - de ser o chefe de uma organização criminosa que espionava ilegalmente autoridades e adversários do ex-presidente.
A Polícia Federal chegou a pedir a suspensão do mandato de Ramagem, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que autorizou a operação, não atendeu.
Na ocasião, além do deputado, sete policiais federais e três servidores da Abin foram alvos da operação. Eles são suspeitos de monitorar, de forma ilegal e sem autorização judicial, políticos, jornalistas, advogados e adversários durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ramagem foi diretor da Abin de 2019 a 2022.
Em outubro do ano passado, em outra operação, a Polícia Federal prendeu agentes da Abin acusados de usar ilegalmente o software first mile, para monitorar e perseguir ilegalmente pessoas através do sinal de celular.