A piloto brasileira Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu durante uma operação de combate a um incêndio florestal em Montana, nos Estados Unidos. O acidente aconteceu durante uma manobra.
Segundo a polícia de condado de Lewis e Clark, Juliana era funcionária da Dauntless Air, empresa de combate a incêndios sediada em Idaho. Ela deixou um filho de 17 anos e parentes no Brasil. “Nossas sinceras condolências à família, aos parceiros do Corpo de Bombeiros e à comunidade da aviação”, escreveu em nota.
Natural de Contagem, em Minas Gerais, sempre quis ser piloto, mas começou como comissária de bordo. Entrou para a aviação em 2007, foi instrutora de voo e depois copiloto e piloto em aviões Boeing 727 e 737. Juliana contabilizou mais de 6,5 mil horas de voo na carreira.
Em 2013 entrou para aviação agrícola e anos depois, em 2018, se mudou para os Estados Unidos. Juliana Turchetti foi a primeira brasileira a pilotar o Fire Boss – a versão para combate a incêndios do Air Tractor AT-802, considerado o maior avião agrícola do mundo.
“Voar e combater incêndios é a combinação ideal de diferentes habilidades, desafios, trabalho em equipe e a emoção de operar em um ambiente em constante necessidade de disciplina, coordenação, coragem, dedicação e desejo de servir”, escreveu Juliana em seu LinkedIn.
Após sua primeira missão de combate a incêndios, ela escreveu: “Alguns nos chamam de heróis. Bem, esse é um título pesado para carregar. Eu gosto de dizer que somos pessoas comuns fazendo algo extraordinário”.
Como foi o acidente
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o acidente teria acontecido durante a manobra de scooping com o FireBoss. Nesse tipo de operação, o piloto pousa a aeronave em um lago ou represa, mas segue a corrida captando água para o hopper (reservatório) e decola em seguida.
Enquanto realizava o scooping, o avião pareceu ter batido em algo, se despedaçou na água e afundou. As investigações sobre as causas do acidente agora estão a cargo do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA.
Os governadores de Montana, Greg Gianforte, e de Idaho, Brad Little, emitiram uma declaração conjunta onde se referiram a brasileira como “heroína”.
“É um verdadeiro ato de bravura correr em direção ao fogo. Nós nos juntamos a todos os habitantes de Montana e Idaho em oração pela família e amigos da heroína”, diz trecho do comunicado.
A Sindag manifestou “profundo pesar” pela morte da Juliana Turchetti e declarou que ela era “uma mostra da força feminina no setor e da garra e profissionalismo dos pilotos brasileiros” e seguirá sendo “um exemplo da determinação para dezenas de jovens que todos os anos lutam para se formar e se especializar em escolas de aviação de todo o Brasil”.