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Influencer entrega banana a criança negra; polícia apura se houve racismo

Em vídeo, produtora de conteúdo dá banana e macaco de pelúcia para garotos abordados na rua; saiba quem é a dupla que tem 13 milhões de seguidores no TikTok

Da redação

Kerollen e Nancy, influenciadoras que serão investigadas por racismo
Kerollen e Nancy, influenciadoras que serão investigadas por racismo
Reprodução

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro passou a investigar nesta quarta-feira (31) as produtoras de conteúdo Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, para apurar se praticaram crimes de racismo ou injúria racial.

A investigação é sobre um vídeo que as influenciadoras compartilharam no perfil do TikTok, no qual aparecem entregando banana e macaco de pelúcia para crianças negras abordadas na rua. 

Nas imagens, que foram retiradas do ar, os menores de idade deveriam escolher se preferiam dinheiro ou um presente surpresa.  

A dupla reúne mais de 13 milhões de seguidores no TikTok e mais de 1 milhão no Instagram. Na primeira plataforma, postam de dois a três vídeos por semana. O conteúdo é composto por testagem de produtos, abordagens assistencialistas e pegadinhas.  

Kerollen e Nancy, ‘dupla de mãe e filha’

Apesar de se apresentarem como mãe e filha em seus perfis, Nancy afirma em um dos vídeos que é mãe de consideração de Kérollen, mas biologicamente meia-irmã.

De acordo com a história contada pelas influenciadoras, as duas são filhas da mesma mãe, mas de pais diferentes. "Quando eu tinha 28 anos de idade, minha mãe disse que ia dar a Kérollen a alguém, porque não tinha condições de criar", aponta Nancy.

Ela acrescenta que assumiu a criação da menina e trabalhava de faxineira para sustentar a criança. Kérollen ficou sabendo das reais ligações de sangue aos 13 anos de idade.  

Investigação de racismo e injúria racial

Para Fayda Belo, advogada especializada em direito antidiscriminatório, as influenciadoras ridicularizaram crianças negras e incitaram discriminação no vídeo que é alvo de investigação da Decradi.

Não é piada. O nome disso racismo recreativo. Usar da discriminação contra pessoas negras com o intuito de diversão e descontração agora é crime, diz. 

Nas imagens, Nancy pede para um menino escolher um pacote misterioso ou R$10. O garoto escolhe o embrulho e descobre uma banana ao abrir. “Só isso?", questiona. “Gostou não? Olha direito, você gosta”, responde a influenciadora.

Fayda aponta que o conteúdo viola o Estatuto da Criança e Adolescente. Segundo o artigo 17, a integridade moral e imagem do menor devem ser preservadas.  

Em nota, o advogado da dupla, Adriano Bacelar, declara que não havia intenção de fazer referência a temáticas raciais no vídeo. "As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico".

O comunicado acrescenta que as publicações foram retiradas de contexto e que as influenciadoras "se comprometem a aprender com esse episódio, aprofunda o aprendizado em questões raciais e a refletir sobre o impacto de suas afirmações".

Em muitas produções, o mote do vídeo que é alvo de investigação se repete. Pessoas são abordadas na rua e questionadas se preferem um presente misterioso ou dinheiro, um prato de comida ou dinheiro.

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