Rabino: enviados de Biden e Trump tentam acordo expresso em Gaza

O rascunho de uma proposta do Egito está avançando em Israel, porque não proclama o fim da guerra, mas uma trégua prolongada

Rabino: enviados de Biden e Trump tentam acordo expresso em Gaza
Ataque em Gaza
REUTERS/Ramadan Abed

Enviados do atual e do próximo presidente dos EUA estão tentando um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, a ser anunciado até 20 de janeiro, data da transmissão de poder na Casa Branca. O rascunho de uma proposta do Egito está avançando em Israel, porque não proclama o fim da guerra, mas uma trégua prolongada.

A surpresa é a volta do Catar como mediador das negociações. Ele havia se retirado, reclamando que Israel e Hamas não demonstraram “vontade e seriedade” em negociar, depois de meses de encontros infrutíferos. Quem teria convencido o primeiro-ministro catariano, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, foi o  novo enviado de Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, um investidor imobiliário com negócios no Catar.

A proposta egípcia que não termina a guerra também não libertaria todos os 97 reféns que se acredita estejam em Gaza, e nem todos vivos. Só idosos, crianças, mulheres e feridos graves voltariam para Israel, que então solta um número indefinido de prisioneiros palestinos.

A ameaça de Trump de lançar o “inferno” se não houver acordo até sua posse “é levada a sério pelo Hamas, especialmente agora que o grupo está isolado” (sem o Hezbollah e o Irã), disse um funcionário do governo israelense ao jornal Times of Israel. O secretário de Estado Antony Blinken acredita que haja uma oportunidade para um acordo agora. Foi o que ele afirmou na reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, em Malta, da qual participou o chanceler de Israel, Gideon Sa’ar.

O Catar voltará a sediar as negociações. E os funcionários do Hamas convidados a sair de Doha serão de novo bem-vindos. Eles tinham se instalado na Turquia, que não vai mais participar dos encontros, como chegou a ser anunciado. O Sheikh Al-Thani se encontrou em Viena com David Barnea, o chefe da espionagem israelense, o Mossad. Quando um repórter lhe perguntou sobre o prazo de Trump para o acordo, ele respondeu: “É para hoje”, não para o dia 20.

A duplicidade dos esforços americanos não provocou nenhuma trombada. Os assessores de Biden são informados das iniciativas dos enviados de Trump a Israel, Catar e Egito. Eles as consideram uma tomada de contato com os problemas e seus interlocutores.

O problema será se houver acordo. O presidente eleito já se atribuiu o mérito do cessar-fogo no Líbano, obtido pelo presidente ainda no poder. “Bastou o nome Trump para as partes alcançarem um acordo”, comemoraram os assessores. Mas Biden já afirmou que até o último segundo de seu mandato tentará libertar os reféns. E vai querer o crédito.

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