Rabino: genocídio em Ruanda completa 30 anos

Por Moises Rabinovici

Em meio ao genocídio de 800 mil tutsis em Ruanda, que completou agora 30 anos, meu fotógrafo clicou um soldado ruandês. Era proibido. O soldado desembainhou sua longa espada, e eu corri para acordar Tarzã, nosso intérprete do dialeto quiniaruanda, que dormia no carro, fraco de aids.

Os dois conversaram. O soldado guardou a espada e mandou que o seguíssemos. Ele ia na frente, nós atrás cada vez mais devagar, até que não o vimos mais.

No Memorial sobre os restos mortais de 250 mil vítimas do genocídio, o presidente ruandês Paul Kagame prometeu, no domingo: “O nosso povo nunca – e eu quero dizer nunca – será deixado para morrer novamente”. 

O ex-presidente Clinton, um dos onze convidados presentes, admitiu que os EUA poderiam ter feito mais contra o genocídio. O presidente Macron já tinha admitido, há três anos, pela primeira vez, que a França “teve uma responsabilidade condenável numa cadeia de acontecimentos que conduziram ao pior”. Ele não esteve na cerimônia, só o ex-presidente Sarkozy, em caráter pessoal.

O genocídio da minoria tutsi foi provocado pela derrubada do avião que pousava em Kigali com os presidentes de Ruanda e do Burundi, em 7 de abril de 1994. O governo hutu acusou os tutsis -- e eles começaram a ser assassinados em massa com machados, espadas e enxadas. O presidente Kagame assegura que os hutus atacaram o avião como pretexto para o genocídio.

Um batalhão de soldados oferecidos pelo Brasil ficou reduzido a um único brasileiro em Ruanda, o médico gaúcho Carlos Wandscheer, no comando de 40 médicos e enfermeiros do grupo Médecins du Monde, financiado pela União Europeia.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais