Há um front interno israelense na guerra contra o Hamas em Gaza. Ele ficou claro quando o chefe do Estado Maior, general Herzi Halev, formou uma equipe de oficiais da reserva para investigar as falhas que permitiram o massacre do Hamas, em 7 de outubro.
Os ministros de extrema-direita Betzalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) atacaram o plano e o seu autor. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, chamou a atenção dos dois ministros, por agirem como motivação política diante de um assunto militar.
Esse front interno já se revelou em outras situações. O mesmo Ben-Gvir sugeriu oferecer um “incentivo” para os palestinos deixarem Gaza, que então seria ocupada por colonos judeus, como na Cisjordânia. A crítica e protestos de líderes mundiais desabaram sobre Israel. Então, sem mais falar em êxodo de palestinos, o ministro Ben-Gvir redobrou seu convite para a volta dos colonos. A colonização dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967, é considerada “um obstáculo para a paz” pelos Estados Unidos, e ilegal pela ONU e vários países aliados de Israel..
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, está voltando pela quarta vez a Israel, desde outubro. O jornal New York Times publicou nesta sexta-feira um desentendimento entre ele e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que rejeitou o pedido dos EUA para pausar os combates em Gaza e permitir a entrada de mais ajuda humanitária. Blinken reagiu avisando que ia usar uma entrevista coletiva para denunciar a rejeição israelense. Netanyahu se antecipou e emitiu uma declaração em que disse: “Nós juramos e eu jurei eliminar o Hamas. Nada vai nos deter”. Mais tarde, pausas de quatro horas foram observadas em meio aos combates,
Outro racha no governo de Israel foi detectado quando o ministro da Defesa, Yoav Gallant, expôs o plano do “dia seguinte” em Gaza, para quando a guerra acabar. Netanyahu já tinha prometido manter tropas para garantir que o Hamas não volte ao poder, mesmo derrotado militarmente. Mas os EUA querem que a Autoridade Palestina, de Mahmud Abbas, em Ramallah, assuma como único representante do povo palestino, encerrando a bipolaridade que impedia aos palestinos de ter um único interlocutor para negociações de paz. Foi então que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, apresentou um plano militar em que sugere que “o dia seguinte” seja decidido por palestinos, não nomeados, e Israel detenha a capacidade de operar em Gaza. Os desdobramentos sobre o futuro de Gaza estão na pauta de Blinken.