
O presidente iraniano Ebrahim Raisi prometeu punição para quem plantou as duas bombas que mataram 103 visitantes do túmulo do comandante-mártir Qasem Soleimani, assassinado há quatro anos por um drone dos Estados Unidos, no aeroporto de Bagdá.
Mas, quem?
Que foi um atentado profissional ninguém duvida. A assinatura são as duas bombas, uma que explode no local do atentado, e outra retardada para vitimar o socorro chegando para acudir os feridos. O problema: muitos grupos teriam interesse em atacar o Irã, fora os primeiros suspeitos de sempre, os EUA e Israel.
O presidente Raisi ofereceu condolências ao líder supremo da Revolução Islâmica, aiatolá Seyyed Ali Khamenei, à nação iraniana e às famílias das vítimas, e ordenou às autoridades “a tomar medidas rápidas para atender às pessoas afetadas pelo ataque terrorista e restaurar a ordem em Kerman”.
O “mártir” Qasem Soleimani foi o comandante antiterror do Irã e o estrategista que criou vários grupos militares fiéis ao Irã, que os armou e espalhou pelo Oriente Médio. Não são tão conhecidos como o Hezbollah, o Hamas e os Houthis, mas estão ativos na Síria, no Iraque e também no norte da África.
"Sem dúvida, os autores e mentores desse ato covarde serão identificados em breve e levados à justiça pelas forças de segurança e policiais competentes", prometeu o presidente Raisi.
"Os inimigos da nação devem saber que tais ações nunca poderão minar a determinação inabalável e a vontade do povo iraniano de defender os ideais islâmicos", acrescentou. Soleimani, nascido em Kerman, está enterrado no Cemitério dos Mártires da cidade, depois de seu corpo ter sido levado para homenagens por todo o Irã.
Os detalhes do atentado apontam para a autoria de algum grupo local. Foi um ataque planejado e sofisticado, com detonadores acionados por controle remoto e o tempo contado entre as explosões, de 20 minutos, para matar mais gente possível.
O jornal iraniano Tasnim News diz que a explosão aconteceu em uma estrada que leva ao Cemitério dos Mártires, a leste da cidade de Kerman. Pelos relatos, as bombas explodiram perto do portão Qoli Bey, e as pessoas fugiram para uma rua próxima, deixando uma trilha de corpos. Imaginou-se, inicialmente, que a explosão havia sido acidental. Mas a segunda explosão não deixou dúvidas: atentado terrorista. O Tasnim News informou que nenhum membro sênior da Guarda Revolucionária do Irã estava presente às homenagens a Soleimani
O Irã tem inúmeros grupos inimigos. Segundo um jornal israelense, “há grupos de resistência em Ahvaz que apóiam a minoria árabe de lá, e grupos na província de Baloch que exigem direitos para os Baloch. Há também grupos curdos que querem direitos para os curdos no noroeste do Irã. No passado, o Irã também foi alvo de ataques do ISIS e da Al Qaeda.”
Em agosto, houve um ataque em um santuário muçulmano xiita em Shiraz. Houve também um ataque nessa mesma área em outubro de 2022, assumido pelo ISIS, o Estado Islâmico. Em 2018, houve um ataque a um desfile militar em Ahvaz, no qual 25 pessoas foram mortas. Em 2010, homens-bomba realizaram um ataque em um funeral muçulmano xiita em Chabahar, matando 39 pessoas. Os relatórios culparam um grupo sunita chamado Jundallah.