Reação após ato pró-Gaza derruba n°2 da Educação na Alemanha

Secretária de Estado no Ministério da Educação alemão havia solicitado análise sobre possibilidade de cortar verbas para acadêmicos que condenaram remoção de acampamento pró-palestino numa universidade de Berlim.

Por Deutsche Welle

A secretária de Estado no Ministério alemão da Educação, Sabine Döring, foi demitida após uma iniciativa polêmica em meio a uma disputa sobre liberdade acadêmica e o direito ao protesto.

No contexto da atual guerra entre Israel e o Hamas, a alta funcionária procurou informar-se sobre um esquema para punir com cortes financeiros os pesquisadores que se pronunciassem contra a remoção de um acampamento em solidariedade com os palestinos na Universidade Livre de Berlim (FU Berlin).

Como noticiou a emissora estatal ARD, Döring requisitara por e-mail uma análise jurídica da possibilidade de cortar o financiamento dos docentes. A princípio a iniciativa foi atribuída à ministra da Educação, Bettina Stark-Watzinger, valendo-lhe críticas severas.

Após a revelação pela ARD, a chefe de pasta pediu ao chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que demitisse a secretária de Estado, como se revelou neste domingo (16/06). "Cuidei para que os fatos do caso sejam investigados de forma completa e transparente", afirmou, confirmando que "um exame sobre consequências potenciais, nos termos da lei de financiamento, foi de fato solicitado pelos departamentos relevantes".

Döring teria admitido que "aparentemente se expressou de forma equivocada ao requisitar o exame jurídico", acrescentou Stark-Watzinger. "No entanto, criou-se a impressão de que o Ministério da Educação estaria considerando as consequências [de um corte de verbas], com base numa carta protegida pela liberdade de expressão."

A secretária de Estado é a segundo mais alta funcionária do Ministério da Educação alemão, sendo responsável pelas universidades. Ao contrário do da ministra, ela não é eleita para o cargo, mas designada.

O protesto pró-palestino e a carta crítica

No começo de maio, 150 ativistas estudantis ocuparam o campus da FU Berlin em repúdio à ação militar israelense na Faixa de Gaza, chegando a tentar invadir salas e auditórios. A universidade logo chamou a polícia, que desbaratou a manifestação sumariamente em 7 de maio. Segundo os agentes, 79 indivíduos foram detidos temporariamente, e 80 processos criminais e 79 inquéritos por contravenção penal foram abertos.

Em reação, cerca de 100 acadêmicos de universidades berlinenses publicaram uma carta reafirmando direito dos estudantes a protestar: "Independente de se concordamos com as reivindicações específicas do acampamento de protesto, estamos do lado dos nossos estudantes e defendemos seu direito ao protesto pacífico."

Os signatários instaram ainda a diretoria da universidade a "se abster de operações policiais contra seus próprios estudantes, assim como de prosseguir com a persecução criminal".

Na ocasião, Stark-Watzinger criticou a carta dos acadêmicos por não mencionar os atentados de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, pelo grupo extremista Hamas e outros militantes. Neste domingo, repetiu essa crítica. O Hamas é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e outros.

av (DPA,AFP)

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