A exoneração de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, nesta quarta-feira (23), ocorre em um momento em que o governo é pressionado politicamente em diversas frentes.
O cientista político Fernando Schuler, colunista da rádio BandNews FM, avalia que a CPI da Covid-19 no Senado, a operação da Polícia Federal no mês passado que apreendeu o celular de Salles e a pressão internacional são alguns dos elementos que podem ter contribuído para a mudança.
Schuler equipara Salles ao ex-ministro da Educação, Abraham Weitrub, como “ministro problema”, que sai para aliviar a pressão sobre o governo, mas que mantém raízes e boas relações com o Planalto.
O colunista lembra que Salles ainda terá que enfrentar uma investigação que conecta a declaração que fez na reunião ministerial de abril de 2020, em que falava em “passar a boiada” e atos que supostamente beneficiaram madeireiras ilegais.
Com base em declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e na postura de Salles, Schuler avalia que a mudança foi combinada entre eles e que ambos agiram de forma estratégica.
O novo ministro, Joaquim Álvaro Pereira Leite, já faz parte do governo desde 2019 e antes disso foi conselheiro por mais de 20 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Fernando Schuler aposta em uma nova mudança na pasta para acomodar aliado político do Planalto ou alçar representante do discurso bolsonarista.
O cientista político lembra que o meio ambiente é pauta prioritária no governo americano e na União Europeia e que o presidente tem preocupação especial com o ministério.