Evocando as tensões da época da Guerra Fria, a Rússia alertou neste sábado (13/07) que o envio de mísseis americanos à Alemanha pode colocar capitais europeias na mira de eventuais ataques russos.
"A Europa está no ponto de mira dos nossos mísseis, nosso país está no ponto de mira de mísseis americanos na Europa. Já vivemos isso. Temos capacidade o bastante de conter esses mísseis, mas as potenciais vítimas são as capitais desses países europeus", afirmou o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov em vídeo postado nas redes sociais por um repórter de uma emissora estatal russa.
A declaração vem após o anúncio conjunto de Alemanha e Estados Unidos, na última quarta-feira (10/07), de que Berlim receberá a partir de 2026 bases de mísseis de longo alcance como forma de desencorajar eventuais agressões russas.
O plano inclui mísseis de longo alcance Tomahawk, que podem atingir alvos a até 2.500 km de distância e carregar munições nucleares, e armas hipersônicas em desenvolvimento, que aumentarão significativamente o poder de fogo europeu.
Rússia "tem mísseis capazes de atingir praticamente qualquer ponto da Europa"
Ao jornal alemão Tagesspiegel, Carlo Masala, professor para política internacional na Universidade das Forças Armadas em Munique, disse que a fala de Peskov é um lembrete ao Ocidente de que a Rússia, contrariando acordos internacionais, "tem mísseis capazes de atingir praticamente qualquer ponto da Europa".
Mísseis lançados do solo com capacidade de viajar entre 500 km e 5.500 km de distância eram banidos por um acordo de 1988 assinado pelos EUA e a antiga União Soviética.
Após acusar a Rússia de violar o tratado com o desenvolvimento de novas armas em 2014, os americanos acabaram abandonando o acordo em 2019.
Quando o anúncio sobre a instalação de mísseis americanos na Alemanha foi feito, às margens de uma reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o chanceler federal alemão Olaf Scholz saudou a iniciativa no contexto de proteção do território europeu da aliança.
"Essa decisão foi preparada por muito tempo e não é uma surpresa para qualquer um envolvido em políticas de segurança e paz."
ra (Lusa, dpa, ots)