A Comissão Eleitoral Central da Rússia rejeitou neste sábado (23/12) a candidatura de Ekaterina Duntsova às eleições presidenciais de 2024, as quais concorreria contra o presidente Vladimir Putin.
O órgão alegou "erros em documentos" apresentados por ela para o registro da candidatura, impedindo-a de passar para a próxima fase do processo, que seria a coleta de 300 mil assinaturas de apoiadores em toda a Rússia.
A chefe da comissão, Ella Pamfilova, disse que os membros do órgão rejeitaram por unanimidade a candidatura de Duntsova, uma jornalista de 40 anos que defende o fim da guerra na Ucrânia. "Você é uma mulher jovem, tem tudo pela frente", teria dito Pamfilova à rival de Putin.
Nas redes sociais, Duntsova afirmou que vai recorrer da decisão na Suprema Corte.
Jornalista de uma emissora de televisão de Rzhev – uma cidade de 60 mil habitantes a oeste de Moscou –, ela tentava disputar a eleição como candidata independente.
Uma possibilidade de ainda concorrer seria se Duntsova fosse nomeada candidata por um partido – algo que ela pressionou a legenda Yabloko a fazer.
Segundo a jornalista, a sigla, que é o partido democrático mais antigo da Rússia, "não deveria ficar à margem. Os russos deveriam ter uma escolha", disse ela no Telegram.
A jornalistas, Duntsova afirmou que "agora aguarda alguma resposta oficial e pública sobre se [o Yabloko] está preparado para me apoiar para que cumpramos o prazo" de 1º de janeiro.
O cofundador do Yabloko, Grigory Yavlinsky, disse em um vídeo transmitido no YouTube neste sábado que o partido não vai nomear um candidato.
Os candidatos de partidos políticos sem deputados no Parlamento nacional, como o Yabloko, têm um processo de participação nas eleições menos árduo do que os independentes.
Têm de recolher assinaturas de 100 mil apoiadores até ao final de janeiro, enquanto os candidatos independentes têm de reunir 300 mil.
Vitória de Putin praticamente certa
O presidente russo confirmou neste mês que disputará as eleições de 2024, a serem realizadas durante três dias a partir de 15 de março. É a quinta vez que ele concorre à presidência.
Com a maioria das figuras da oposição russa atrás das grades, como o adversário Alexei Navalny, ou exilados fora do país, a vitória de Putin em março é praticamente certa, consolidando assim um controle de décadas no poder.
"Hoje a situação na Rússia é assim: qualquer um que queira representar os cidadãos com visões democráticas nas próximas eleições ou está na prisão, ou tem seus direitos restritos e é processado na Justiça, ou é forçado ao exílio", afirmara Duntsova em entrevista recente à DW, antes de ter sua candidatura barrada.
Na ocasião, ela disse que desejava se colocar como uma alternativa real. "Por que não uma mulher como presidente, como símbolo de moderação, gentileza e sensibilidade?"
A Comissão Eleitoral disse que também realizará a votação em quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas pelas forças russas e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Kiev em 2014.
ek (DW, Reuters, AFP)