O governo russo já evacuou mais de 76.000 habitantes de áreas fronteiriças na região de Kursk que vêm sendo palco de uma incursão surpresa de tropas ucranianas, informou a agência de notícias estatal Tass neste sábado (10/08). O Kremlin também afirmou que conseguiu conter o avanço das tropas ucranianas, que penetraram vários quilômetros dentro do território russo desde terça-feira, mas os combates prosseguiam no início deste fim de semana.
Relatos locais apontam que os combates prosseguiam em três vilarejos a mais de dez quilômetros dentro de território russo - Ivashkovskoye, Malaya Loknya e Olgovka. Em uma declaração na manhã deste sábado, o Ministério da Defesa da Rússia disse que "frustrou as tentativas dos grupos móveis do inimigo de chegar às profundezas do território russo".
A agência de segurança interna da Rússia, o FSB, também impôs um regime de "contraterrorismo" em Kursk e em duas regiões vizinhas, Bryansk e Belgorod, conferindo às autoridades amplos poderes para bloquear a área e impor controles sobre as comunicações.
A incursão em Kursk é o ataque mais significativo de Kiev contra a Rússia desde que Moscou lançou sua guerra de agressão contra o país vizinho em fevereiro de 2022. A incursão ucraniana parece ter pegado as forças russas desprevenidas.
Segundo o Exército russo, cerca de 1.000 soldados e mais de duas dezenas de blindados e tanques ucranianos participam da incursão.
A Ucrânia não assumiu oficialmente a autoria, mas o presidente Volodimir Zelenski considerou na quinta-feira que os russos agora se veem confrontados com os infortúnios da guerra que o Kremlin iniciou. "A Rússia trouxe a guerra para o nosso país e deve sentir seus efeitos", afirmou, sem mencionar diretamente a incursão.
Ucranianos penetraram pelo menos 20 km dentro da Rússia
Os avanços ucranianos no norte e no oeste da cidade de Sudzha, na região fronteiriça russa de Kursk, chegam a 20 quilômetros, e não aos 35 quilômetros como havia sido apontado inicialmente em alguns relatórios, segundo informou neste sábado o americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), em uma nova análise sobre essa operação em território russo.
Embora os avanços possam ser inferiores aos estimados inicialmente, o ISW, um think tank americano especializado em questões militares, estima que os ucranianos alcançaram áreas perto de Snagost Korenevo e Malaya Lokhnya, ao oeste e ao norte de Sudzha, enquanto que ao leste lutavam em Plekhovo e Dmitriukov.
Embora um vídeo mostrando soldados ucranianos perto do centro de Sudzha tenha sido divulgado na noite de sexta-feira, o ISW não conseguiu confirmar se a cidade está totalmente sob controle ucraniano.
Analistas acreditam que a Rússia está relutante em transferir forças da frente de batalha da região de Donetsk, na Ucrânia ocupada. A maioria dos relatórios sugere que, até o momento, a Rússia está recorrendo a recrutas e forças irregulares para enfrentar a incursão ucraniana. No entanto, algumas unidades do front, especialmente da região de Kharkiv, podem ter sido deslocadas. Segundo o ISW, pode demorar vários dias até que sua chegada a Kursk seja confirmada.
Parte dos reforços russos sofreram com o fogo ucraniano e foi confirmado que 14 veículos militares foram destruídos na sexta-feira perto de Rilsk.
jps (Reuters, EFE, ots)