Rússia ordena prisão de viúva do dissidente Navalny

Tribunal do regime russo determinou a prisão à revelia de Yulia Navalnaya, que vive no exterior, por alegada "participação em associação extremista".

Por Deutsche Welle

Um tribunal do regime russo ordenou nesta terça-feira (09/07) a prisão à revelia de Yulia Navalnaya, viúva do líder opositor russo Alexei Navalny, que morreu em circunstâncias suspeitas em uma prisão no Ártico.

O Ministério Público russo apresentou uma acusação contra Navalnaya, que vive no exterior, por alegada participação em associação extremista.

O tribunal do regime atendeu às exigências da investigação e ordenou a prisão de Navalnaya por um período de dois meses, a partir da data de uma eventual extradição para o território russo ou de sua detenção na Rússia.

A viúva de Navalny, de 47 anos, prometeu continuar a causa de seu marido no exílio, acusa o líder russo, Vladimir Putin, de ser responsável pela morte de seu marido e afirma que seu poder se baseia em "desinformação, mentiras, enganos e provocações".

Ela criticou a decisão do tribunal, dizendo em um comunicado: "Vladimir Putin é um assassino e um criminoso de guerra. Seu lugar é na prisão".

Leonid Volkov, ex-chefe de gabinete de Navalny, escreveu no X, antigo Twitter, que o mandado de prisão do "infame tribunal de Basmanny" mostra "um reconhecimento da determinação de Yulia em continuar a luta de Alexei!"

Continuando trabalho do marido

Desde a morte de Navalny, ela se reuniu com vários líderes mundiais, inclusive o presidente dos EUA, Joe Biden.

Durante as recentes eleições presidenciais da Rússia, amplamente consideradas como fraudulentas, Navalnaya convocou protestos fora das seções eleitorais.

Em maio último, Navalnaya, junto com sua Fundação Anticorrupção, ganhou o prêmio Liberdade de Expressão da DW, que ela recebeu pessoalmente mês passado em Berlim.

"Durante esses anos, Putin reprimiu a mídia independente. E ele tentou silenciar qualquer um que dissesse o que não lhe agradava. Mas ele falhou. Sim, ele matou meu marido, Alexei Navalny. Mas não silenciou a ele e suas ideias", disse ela na cerimônia de premiação.

Morte na prisão

De acordo com as autoridades penitenciárias, Navalny morreu repentinamente no último dia 16 de fevereiro – um mês antes da eleição presidencial de 17 de março, na qual Putin era o candidato favorito –, depois de fazer uma caminhada na penitenciária IK-3 na cidade de Kharp, onde cumpria sentença de 19 anos de prisão.

A oposição russa acusa o Kremlin de estar por trás de sua morte, mas Putin assegura que o óbito foi por causa natural.

Navalny foi preso depois de retornar a Moscou em janeiro de 2021, vindo da Alemanha, onde esteve se recuperando de envenenamento por agente nervoso em 2020, que ele atribuiu ao Kremlin.

md (EFE, AP, Reuters)

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