Relatos sobre uma doença popularmente conhecida como “morte em vida” ganharam a internet nos últimos dias. Isso porque o ex-piloto aéreo Antonio Maranhão Calmon, de 37 anos, desabafou sobre o diagnóstico que culminou na aposentadoria precoce dele, há seis anos.
Em vídeo, Antonio lamenta o fato de não haver tratamento para a doença hereditária, neurodegenerativa, debilitante e paralisante, cientificamente nomeada de ataxia de Friedreich. Para minimizar o sofrimento, o paciente informou que conseguiu autorização, via habeas corpus, para o autocultivo da cannabis, a fim de ele mesmo produzir o óleo que ameniza os sintomas.
“Após descobrir o óleo de cannabis, eu pude ter a possibilidade de utilizar algo natural e que eu mesmo preparo, aliviando tensões musculares, dores musculares, espasmos, melhorando o apetite, o humor, lidando melhor com a depressão”, contou Antonio.
O que é a ataxia de Friedreich?
Com a repercussão do desabafo de Antonio, as redes sociais foram inundadas por questionamentos a respeito da “morte em vida”. Aí fica o questionamento: afinal de contas, o que é a rara ataxia de Friedreich?
Irreversível, a doença também está associada a cardiomiopatia, diabete, disartria (dificuldade de articulação de sons), surdez e cegueira.
Sintomas
Especialistas destacam que os primeiros sintomas da ataxia Friedreich, geralmente, surgem na infância. Entre eles, quedas e tropeços além do normal, desequilibro e dificuldade para caminhar.
A Associação Brasileira de Ataxias Hereditárias e Adquiridas (Abahe) informa que, além dos sintomas supracitados, o paciente também pode ter dificuldade para falar, como é o caso do ex-piloto. Por outro lado, a condição não interfere a capacidade mental, memória ou controle emocional da pessoa,
As partes correspondentes do cérebro não são afetadas. As dificuldades de fala não indicam nenhuma perda de habilidade mental (artigo da Abahe sobre ataxia de Friedreich).
Como foi identificada
O nome “ataxia de Friedreich” se origina do médico neurologista alemão Nicholaus Friedreich (1825-1882), professor de medicina em Heidelberg, Alemanha, o primeiro a descrever a doença, em 1863.
Friedreich escreveu uma série de artigos sobre nove pacientes, de três famílias diferentes, afetados por um tipo de patologia cerebelar, entre 1863 e 1877. A partir de então, outros autores passaram a descrever diversos quadros distintos de ataxias, o que fez surgir as primeiras classificações das doenças cerebelares.