
A Câmara Municipal de São Luís aprovou, em caráter de urgência, um projeto de lei que autoriza o prefeito Eduardo Braide (PSD) a pagar corridas de carros por aplicativo à população, enquanto durar a greve dos rodoviários na capital maranhense. A votação unânime representa uma vitória para a prefeitura, em meio ao embate do chefe do Executivo com os empresários do setor.
Braide acusa as empresas que exploram o transporte público de São Luís de não cumprirem as regras da licitação de 2016, como o aumento da frota, climatização dos ônibus e acessibilidade em todos os veículos. Por conta disso, os vereadores também autorizaram a revogação do contrato com os atuais consórcios.
Na última segunda-feira (17), o prefeito disse, em vídeo publicado nas redes sociais, que a greve dos trabalhadores é, na verdade, uma forma que os empresários acharam para forçar o “aumento abusivo” da passagem de ônibus. Para este ano, Braide disse que o setor queria que o valor subisse dos atuais R$ 4,2 (linhas integradas) para R$ 7.
“Essa greve que a nossa cidade está vivendo não é dos rodoviários. É dos empresários de ônibus. Ao longo de vários anos, esses empresários foram acostumados a usar os trabalhadores para deixar a população sem transporte e, com isso, forçar o município a autorizar um aumento abusivo nas passagens”, disse o prefeito.
Dinheiro descontado do subsídio
Apesar da aprovação pelos vereadores, o prefeito ainda detalhou como serão feitos os pagamentos para o transporte de passageiro por carros de aplicativo, uma cobrança feita por alguns parlamentares na sessão desta terça-feira (18).
Sobre a verba para custear a iniciativa, Braide disse que o dinheiro será descontado do subsídio municipal repassado para as empresas. Ano passado, foram R$ 89 milhões, verba destinada para a melhoria do serviço.
700 mil passageiros
Na Grande São Luís, cerca de 700 mil pessoas dependem do transporte público, diariamente. A greve é por tempo indeterminado, e os rodoviários cobram reajustes salarial e de benefícios, demandas protocoladas em novembro de 2024, segundo a categoria.
A Justiça do Trabalho determinou a circulação de 80% da frota de ônibus no período de greve, sob risco de multa diária de R$ 100 mil, em caso de descumprimento da decisão.
Posicionamento do SET sobre a greve
Ainda ontem, o Band.com.br procurou o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SET) por telefone e e-mail, a fim de cobrar um posicionamento sobre as declarações do prefeito. Até o fechamento desta reportagem, a entidade não respondeu ao nosso contato.
Nas redes sociais, o SET divulgou uma nota em que critica os rodoviários por paralisarem 100% da frota, na contramão da Justiça. O texto também informa que os empresários procuraram todos os meios de negociações para uma “solução viável para todos”.